O Sentido da Vida

Deixando a chuva penetrar suavemente em seu corpo, Sandra percorria calmamente de bicicleta a estrada que dava até a casa de Lúcio. Ela estava disposta a convidar ele para ir até um lugar magnífico que sempre lhe deixava muito bem.

Sandra sentia-se muito só, após a ida de sua irmã mais nova para o hospital, devido a um problema no coração. Então queria, com o seu melhor amigo, preencher esse vazio que sua irmã deixara quando saiu de casa.

Sandra e Lúcio estavam andando tranqüilos, sem trocar palavras durante o caminho. Cada um conversando com seu próprio “eu”.

Ao chegarem ao local que Sandra queria, desceram das bicicletas e se sentaram no chão.

- Lú qual o verdadeiro sentido da vida para você?

- Assim tu me pega, não sei te responder isso agora Sandra.

- Poxa ninguém sabe responder

- Não fique braba, essa pergunta para ser bem respondida precisa de tempo para pensar.

- está certo.

- Mas porque que queres saber isso Sandra?

- Porque quero acha um sentido para minha vida

- Como assim?

- Ela está muito monótona, e eu quero algo mais, sinto que algo espera por mim

- E esse “algo que espera por ti” seria o sentido da tua vida?

- Imagino que sim

Ficaram em silencio admirando a paisagem

-Sandra não chore

-Só tenho você de amigo lú, porque ninguém mais gosta de mim?

- Não fale isso, tem a Bruna, a Thais e a Renata que também gostam um monte de você.

- Elas apenas andam comigo por pena, só porque não sou que nem as outras meninas.

- Aquilo foi um acidente, acontece. Por que teriam pena de você?

- você sabe que eu não tenho mais aquele rosto de antes, fiquei toda desfigurada. E tu ainda perguntas por que teriam pena de mim?

- Pergunto sim. Eu não tenho pena de você por causa disso, e acho que ninguém deveria ter.

- É que você é diferente, você é o único que consegue ver isso, não sei o que seria de mim sem você.

- Olhe lá aqueles dois pássaros, eles têm só um ao outro, e aparentam ser muito felizes.

- Como queria conseguir enxergar isso assim como você.

- Basta tu querer.

- Talvez, eu não queira o bastante, porque não estou enxergando isso.

- olhe com o coração Sandra.

Ela fecha os olhos e põe a mão no peito.

-Sabe Sandra, às vezes queremos algo, mas não conseguimos encontrar forças para lutar por ele

- da um exemplo.

- Eu sempre quis ser popular, ser o melhor jogador de futebol do colégio, ficar com todas as garotas, mas nunca lutei para conseguir isso, sempre fiquei inibido no meu mundinho.

- Acho você perfeito assim Lú.

- Talvez só você me acha perfeito.

Ele olha para o chão e não fala nada.

- Sabe Lucio, às vezes queremos algo, mas não conseguimos encontrar forças para lutar para consegui-lo.

- porque estas repetindo o que eu disse?

- repete o que eu disse também que você entenderá.

- Tudo bem. Da um exemplo.

- eu sempre quis... Deixa pra lá, eu não devia ter começado isso.

Sandra se levanta e vai correndo até a bicicleta.

Lucio a alcança.

- Sandra o que aconteceu?

-Nada Lucio

- Como nada? Estávamos conversando e você simplesmente se levanta e sai correndo

- Queres saber o que aconteceu?

- Claro que quero.

- Eu não consegui encontrar forças para falar o que gostaria.

- Tente de novo Sandra

Ela o olha nos olhos

- eu sempre quis... Ter você.

Ela sobe na bicicleta e anda o mais rápido possível.

Lucio fica parado, e não a segui, apenas põe a mão no peito e diz pra si mesmo: “eu também Sandra”.

Carlos Chaves
Enviado por Carlos Chaves em 16/12/2008
Reeditado em 19/05/2009
Código do texto: T1339001
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