PANELÃO E PANELINHA

PANELÃO E PANELINHA

De pouca estatura e bem gordo, cor parda encardida,barba e cabelos ralos e amarelados, com grandes olhos negros e boca enorme aquele cidadão era uma triste figura, e para piorar o ridículo visual vestia-se sempre com uma camisa vermelha desbotada, e uma velha calça cinzenta com suspensórios de tecido verde.

Assim era Arlindo Gomes, mais conhecido pela alcunha de Panelão, ninguém sabia o porque do apelido e nem de onde viera o estranho personagem, de repente estava lá e como não incomodava foi ficando, fez amigos e todos gostavam das historias que ele contava, falava de suas riquezas e das belas casas onde vivera.

O povo ouvia a conversa de Panelão, e em troca lhe davam comida e um lugar para dormir, mas não acreditavam em nada que ele dizia, tinham pena do coitado e mais nada; o tempo passava e o infeliz continuava sua vida solitária, não se queixava nunca e estava sempre pronto a prestar favores: varria quintais, carregava água e brincava com as crianças.

Ele apareceu no mês de Janeiro e todo o tempo viveu naquela rotina, mas quando chegou Dezembro seu comportamento mudou, já não contava historias, recusava a comida e vivia triste pelos cantos, ia todos os dias a igreja e durante algum tempo orava em voz alta, dizendo: Deus do Céu e Papai Noel, o Natal vem vindo ai, me traz minha Panelinha de volta viu?

Se algum curioso perguntava que Panelinha era aquela, ele não respondia e continuava sua oração; os dias se passaram e afinal chegou a véspera do Natal, e durante a Missa do Galo Panelão continuou a fazer seu estranho pedido e para susto daquele povo, a meia noite entrou na igreja uma grande cadela branca, que correu até onde estava Panelão.

Ele ria e chorava abraçado a cadela e dizia: eu sabia que Papai Noel ia ajudar você me achar minha Panelinha, todos entenderam que a cadela era a Panelinha, mas quando algumas pessoas bem vestidas chegaram e abraçaram Panelão ninguém entendeu mais nada; passada a euforia do momento, os recém chegados explicaram que eram irmãos de Panelão.

Contaram então que ele era um adulto com cérebro de uma criança, de quem eles cuidavam depois que seus pais morreram, mas durante uma enchente eles o perderam, e pensavam que tinha morrido; mas a cadela Panelinha continuou a procura-lo, resolveram segui-la e depois de todos aqueles meses, ela o encontrou e agora o levariam para casa.

Entenderam então que aquelas historias de casas lindas e riquezas eram verdadeiras; depois de agradecer os cuidados dispensados ao irmão, aqueles senhores deram ótimos presentes a todos, e voltaram para sua cidade felizes com seu irmão; quem tem alma de criança e crê em Deus e Papai Noel, consegue milagres.

Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}

Texto registrado no EDA

Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 23/12/2008
Código do texto: T1349256
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