GALINHA É OCÊ

GALINHA É OCÊ

Sula, Naná e Nina eram irmãs e moravam juntas na velha casa de seus pais que já estavam mortos há anos, eram já bem passadas na idade e também de mão em mão, porque homens era o que elas mais gostavam e como gostar é uma coisa e conseguir é outra, as três eram solteiras e mal faladas.

O esporte preferido da cidade de Beira Rio era vigiar e comentar os casos amorosos das irmãs e quando o assunto envolvia homem casado os fofoqueiros se sentiam premiados; as moças não eram de briga, pelo contrario eram da paz e do amor e por isso os falatórios nunca davam em nada.

Mas chega um dia que as coisas são passadas a limpo e para elas também chegou, a briga se deu por motivos estranhos a amores ou maridos extraviados e sim por causa de uma galinhada.

Sá Dora morava em frente a casa das alegres moçoilas e estava sempre de olho em Zé seu marido, porque é sempre melhor prevenir que remediar.

Naquele dia ela não estava preocupada com isso, queria mesmo era preparar uma galinhada no capricho, daquelas de se comer rezando; a galinhada foi preparada e

seu cheiro delicioso se espalhou pela vizinhança e os passantes quase se afogavam de tanta água na boca.

Zé chegou do trabalho e ao ver o maravilhoso prato já preparado resolveu ir ao boteco da esquina, para abrir o apetite com uma pinga das grandes e esse foi o problema, porque uma pinga puxa outra e o Zé demorou demais , Sá Dora perdeu a paciência e da porta de sua casa berrou: Zé vem jantá que a galinhada tá esperano.

Sula , Naná e Nina que estavam na janela se exibindo enfeitadas como prendas de leilão, entenderam o grito de Dora como um insulto dirigido a elas e berraram em troca: galinha é ocê, sua bruaca e seu marido não janta mais aqui porque é um frouxo; a briga ferveu resultando em enorme pancadaria.

Elas eram três, mas as vizinhas se juntaram a Sá Dora e o pau quebrou feio, acudindo a gritaria os maridos das guerreiras apareceram e foi aquele pega pra capar, o cabo e dois soldados do destacamento de policia do lugar chegaram e apanharam também, atiraram para o alto com suas armas para acabar com o tumulto.

Depois de curadas as feridas, o mulherio da cidadezinha se sentiu realizado e comentavam: bendita galinhada de Sá Dora, estamos desagravadas, benza Deus e os maridos resmungavam: maldita galinhada de Sá Dora, perdemos nossos ajantarados e perderam mesmo porque depois da surra que levaram, Sula, Naná e Nina fecharam o restaurante.

Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}

Texto registrado no EDA

Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 02/01/2009
Código do texto: T1363026
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