A Reencarnação de Uma Alma.




Eu havia escolhido aquela mulher e seu marido para serem meus pais na minha próxima reencarnação. Não haveria laços kármicos, e minha participação naquela família seria somente de ajudar aquele simpático casal. Seria tipo uma recompensa pelo o que eles iriam ter que passar com os outros filhos.

A mulher que ia ser minha mãe tinha 25 anos e se chamava Julia. Seu marido, dez anos mais velho, chamava-se Antenor. Eu seria seu terceiro e ultimo filho.

No astral fomos apresentados e meu mentor espiritual certificou-se que eles estariam dispostos a me receber como filho.
Depois tivemos apenas mais um encontro no astral. Foi quando eu reforcei a minha determinação de ser sempre um apoio em suas vidas. Disse-lhes que poderiam ficar tranqüilos quanto a isso e que os karmas com seus outros dois filhos não seria tão penoso quanto poderia parecer. Porém, lembrei-lhes que não fazia parte de suas vidas passadas e que tinha meus próprios compromissos nesta nova reencarnação.

A hora se aproximava e constante mente eu me juntava ao feto, mas sem tomar seu corpo. Ficava apenas como que passeando sobre a barriga de Julia e em algumas ocasiões eu podia até tocar naquele delicado corpinho dentro de sua barriga. Isso ia fazendo com que eu me sentisse mais familiarizado com ele.

Algumas vezes, amigos do plano espiritual vinham comigo e ficávamos planejando futuros encontros quando nos encontrássemos.

Quanto mais o dia da minha reencarnação se aproximava, mais sentia amor pelos meus futuros pais. Sempre ouvia Julia conversar comigo como se eu estivesse dentro de sua barriga. Outras vezes via Antenor acariciar sua barriga e dizer palavras meigas dirigidas a mim. Isso me fazia muito bem.

Certa madrugada senti algo estranho a envolver-me. Um força invisível dominava-me completamente e minha consciência dissipava-se apagando minhas lembranças. Olhei em volta e vi minha futura mãe contorcendo-se de dor sobre uma maca numa sala cirúrgica de um hospital O medico e assistentes estava nervosos. Algo parecia não estar bem.
Algumas entidades benfazejas encontravam-se presentes e ajudavam a manter as energias vitais dela. Ainda ouvi quando o medico falou que faria uma cesariana, uma vez que o parto não poderia ser normal. Logo depois me senti como se estivesse sendo arrastado por um grande túnel. A seguir um grande clarão quase a cegar-me. Agora via tudo embaçado e muitos sons estranhos a minha volta. Mãos fortes me seguravam movimentando-me de um lado para o outro como se eu fosse um minúsculo objeto.
Não entendia o que se passava naquele momento.
Alguém estava introduzindo algo grosseiro em minhas narinas e garganta. Aquilo me incomodava. Era repugnante o que faziam.
Outras mãos me tocavam e senti algo frio sendo derramado sobre meu corpo.
Fiquei rebelde com tudo àquilo que estava me acontecendo e senti uma enorme vontade de gritar, mas o máximo que consegui foi chorar.
As vozes que ouvia eram confusas e muito altas. Incomodava-me todos aqueles sons.
Logo depois fui enrolado em um tecido macio que me aqueceu e senti quando fui abraçado por braços ternos que me passavam muito amor.
Então entendi que havia reencarnado.
Adormeci sentido que minha mãe me acariciava de leve minha cabeça e testa.

Já fazia três anos que havia reencarnado. Batizaram-me com o nome de Matheus.
Aos quinze messes de nascido já pronunciava com desenvoltura muitas palavras e ensaiava com algum sucesso as primeiras frases. Aos dois anos já falava corretamente o que chamava a atenção de todos meus parentes.
Aos três anos já conseguia comunicar-me perfeitamente com todos e já sabia contar até 100, sabia escolher as musicas que me atraiam e mostrava uma incrível tendência a desenhos. Se me dessem uma folha de papel em branco com lápis coloridos, debruçava-me sobre ela e esquecia-me do tempo. Isso me ajudava muito na coordenação motora.

Vez por outra meu mentor vinha visitar-me e aconselhar-me. Conversávamos baixinho porque ele dizia que não seria bom que outras pessoas percebessem o que conversávamos. Minha amiga Sophia também costumava aparecer e passávamos um bom tempo conversando, principalmente no astral enquanto eu dormia.

Meus irmãos ao me davam muita atenção por serem bem mais velhos. O mais velho com oito anos se chamava Ricardo e o outro estava com seis anos se chamava André.

Fui crescendo e aos poucos já não via mais meu mentor espiritual e minha amiga Sophia. Nem senti falta deles. Havia muitas coisas com que me ocupar, como a escola, brinquedos e livros que gostava de devorá-los antes de dormir.

Quando estava com dezessete anos, comecei a descobrir a vida de jovem. Logo estava de namoricos com as garotas do colégio. Meus irmãos já me davam mais atenção e costumávamos sair juntos. Não demorei a descobri que eles andavam se envolvendo com drogas. Neguei-me a tomar parte naquilo e procurei me resguardar. Sabia que isso não era bom e sempre acabava mal.

Os anos passavam e eu me metia em muitas complicações, principalmente com mulheres e bebidas. Parecia que atraia tudo de ruim pra mim. Meus pais reclamavam comigo, muito mais que com meus outros irmãos. Eram bastante severos comigo e pouco reclamavam de Ricardo e André. Achava isso uma injustiça.

Quando me formei em engenharia, consegui um emprego numa indústria. Isso foi para mim a melhor coisa que poderia ter me acontecido. Ganhava bem e não demorei a fazer carreira no meu trabalho. Também recebia outros trabalhos extras o que ajudava em muito minha poupança.

Meus irmãos não se formaram. Continuavam vivendo as custas dos nossos pais, o que eu deplorava veementemente. Estavam sempre querendo dinheiro e metidos em confusão. Quando eu me metia em alguma enrascada parecia que a casa vinha abaixo. Meus pais reclamavam comigo de uma forma que me deixava arrasado. Um dia meu pai virou-se pra mim e disse:
- Não esperava isso de você. Não era este o filho que esperava encontrar em você.
Aquelas palavras não soaram como uma cobrança, mas como algo bem maior. Elas ficaram martelando forte em meu cérebro como um marteladas em numa bigorna.

Certa noite eu tive uma visão incrível. Uma forte luz que me deixou sem ação. Uma luz que transcendia minha consciência física. Sonhei com ela por toda a noite. Sonhei com coisas que nunca antes havia visto nesta vida. Sonhei com alguém que me levava a lugares nunca sonhados e nem imaginados.
Não sabia, mas era a minha primeira iniciação no Cosmos.
Relutei em aceitar o que me foi mostrado, tal a beleza do que havia presenciado.

Havia encontrado a porta para um mundo novo. Uma porta que me transportava a um mundo onde as qualidades temporais era apenas uma passagem momentânea. Uma porta inicial que depois se transformava em Umbral.
E minha vida mudou daí por diante. E as pessoas já não eram mais as mesmas como antes. E eu já não era o de antes.

Um mês depois abracei a Rosa. Tomei para mim sua seiva como um alimento eterno.
Quando a noite chegava, recolhia-me trancado no meu quarto e vivia as delicias de uma nova era. Uma era dourada de ensinamentos aonde os conhecimentos chegavam como peças de um gigantesco quebra-cabeça. Eu pacientemente os montava um a um. Dia após dia, meses após meses, anos após anos.
Onde está o Mestre? – perguntei certa noite - O que fazer com tantos ensinamentos? – indaguei ignorando como aplicar cada um deles.
Como demorou ouvi tais respostas. Parecia que nunca viriam.
Um dia ela chegou.
- O mestre está dentro de ti, traga-o aqui para fora e ele te dará muitas respostas – respondeu-me alguém.
- A seu tempo cada ensinamento terá seu lugar. Não alardeeis o que te é dado, apenas usa-os quando te for solicitado e se fizer necessário – respondeu outro.
E então delicadamente reverenciei a quem me falava e juntei a Rosa e a Cruz.
E a minha alma desabrochou. E as outras almas eu as vi. Todas elas que há tempos existiam e eu não sabia até então que elas faziam parte de minhas vidas.
- Por que tive que errar e pecar tanto até descobrir estes ensinamentos?
Por que tive que ferir outras pessoas, até a quem amava para entender o que me foi transmitido? - Perguntava-me triste por tudo que havia vivenciado.
E a mesma voz de antes me respondeu:
- Para que aprendesse a respeitar a vida e adquirir as experiências necessárias para poder ir adiante. Agora sabe quais as respostas que poderás dar a quem te procurar, pois o que diz ter errado, foi na verdade uma forma de aprendizado que fazia parte desta tua vida.

E ergui a Rosa acima de minha cabeça, como um farol guia. A Cruz eu a coloquei sobre meus ombros. Teria que carrega-la com o peso de meus erros, sabendo que ela se tornaria mais leve a cada passo.
Porem, dentro de mim a Rosa e a Cruz era uma só e assim podia seguir adiante.

Foi com seus ensinamentos que tirei meus irmãos do vicio e os coloquei a salvo das mazelas da vida num sitio que havia comprado.
Foi com seus ensinamentos que abracei meus pais e pude dizer-lhes:
- Missão cumprida. Fiz minha parte nas vidas de vocês.
Foi com seus ensinamentos que pude reunir dezenas de pessoas e formar uma senda de paz e amor, onde o símbolo no portal principal é uma rosa púrpura no centro de uma cruz.
Foi com seus ensinamentos que escolhi meus filhos nesta vida e com eles aprendi a doar amor às pessoas.


Paz Profunda.
Carlos. Neves
Carlos Neves
Enviado por Carlos Neves em 05/01/2009
Reeditado em 14/08/2013
Código do texto: T1368991
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