Conto de Fadas (Sexualidade)

antes de comer esse cachorro quente, a fome me dava delírios poéticos dos mais fenomenais. mas deles restou uma verdade inigualável, verdadeiro insight. e é assim que começa o meu era uma vez.

era uma vez um poeta que fazia e estudava muitas coisas, mas que considerava tudo o que fazia ou pudesse aprender em merda perto da arte poética. e horas atrás essa nossa antítese do super-homem nietzscheano escreveu versos coroados de mágoas, solidão abismal e auto-ressentimento para uma tal de fernanda, mulher maravilhosa fantástica e de outro mundo que mal conheceu. um cara cheio de pena compaixão e compadecimentos por si mesmo. e leu os versinhos, e leu Fernando Pessoa depois, e teve vontade de enfiar o seu texto no ops! enfim, era esse cara que saiu do trabalho (onde faz tudo menos trabalha) e ia comer um dog completo, ouvindo “liinda, mais que demais” e pensando na porra da menina, e em coisas como “nossa, loiras são fodas, dos olhinhos verdes de gatinho, olhinhos macios” e espelhos da alma e tudo mais, num forte tesão pela loira que não conseguira e por uma qualquer, seguindo seu padrão de beleza ariano e nazista. se bem que uma loira judia...hmmm... enfim!!

o cara (anti-herói pós-moderno) pensava numa femme ideal, assim: olhos verdes de gatinho, loirinha inocente por fora, safadona por dentro (das pernas), pernas lindas pele clarinha, papos intelectuais tipo beatniks, poesia transcedental zen budismo e o caralho, casando e tendo filhas lindas e legais que dizem “papai vou ali”. e os dois fazendo amor - não sexo - o dia todo, virilmente nos campos espaciais. ele babava e babava, baba de sonho, ouvindo Caetano... até que, haja luz! aquele ideal de mulher ele mesmo criara, era seu pseudônimo: luna steinherz, nomezinho germânico e latino. era ela, ou era ele? ou eu mesmo escrevendo no meu blackberry na pracinha fingindo de executivo? são muitas pessoas (menos Pessoa), que no fim são elas mesmas - ele. ele que gosta dele, do seu próprio ideal, ele que vai se casar com ele mesmo ele que é 'linda e sabe o que faz' ele que! por isso nunca havia encontrado amor de verdade: só amava a si mesmo. desgraça;

e viveram felizes para sempre.

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