Mudanças
Abriu a porta do quarto desordenado,
empoeirado e fechado por mais de dez dias.
Jazia na cama o roupão jogado,
um perfume no ar que embora não ia.
Nos lençóis as marcas de um amor físico,
a paisagem não mudara, era a mesma de outrora.
As toalhas já secas e a memória molhada,
ambas amarrotadas e penduradas lá fora.
Mesmo ela se ausentando, fugindo ou buscando,
o quadro da história havia sido pintado ali...
Trocar os móveis ajudaria, o colchão talvez,
que ali ficou jogado, esperando a próxima vez.
Involuntariamente participara de um retiro piedoso,
dentro de si mesma.
- Chega de encontros práticos e quase desdenhosos
de amor.
Chega de amor que mente.
Virou as costas e fechou a porta novamente.