Coisas de ¨Maria¨!

Coisas de MARIA!

É de chorar...

Maria, uma jovem do nordeste Brasileiro, de família de classe média,que tinha por costume que, após o primeiro ciclo da menina a mesma era destituída do convívio social e os pais passavam a procurar melhores partidos para desposa-la.

Nos poucos eventos sociais que lhe era permitido,estava sempre acompanhada de seus pais e pouco contato tinham até com outras meninas. Aos seus vinte anos sempre ouvia de seus pais, a necessidades de se casar, pois estava ficando madura de mais, precisando ser encaminhada.

Em pouco tempo encontram José um bom moço vindo de um casamento anterior,mal seus pais sabiam,mas haviam se flertado por algumas vezes.

Para os pais da jovem,o casamento significava segurança e para a menina, o nascer de um amor, para ela tudo era sonho e fantasia.

Não demorou muito se realiza o casamento e como era de costume da época na região um dos casais de padrinhos, ofereciam a casa para a primeira noite dos noivos.

Depois de muito forro, sacolejo, sorrisos e muita alegria, foram para a casa prometida.

Ao chegar Maria já foi dizendo:-

- José, você ira dormi onde?

- Onde você quiser minha flor!

- Então você fica na rede da cozinha que eu vou para o quarto.

- Que nada Mulher... agora nós dormiremos juntos.

-Minha Santa gloriosa, eu nunca dormi com homem, meu Jesus Cristinho, vale-me Deus!

-Maria escute, nos temos que fica junto e vamos ter que tira a roupa.

- A roupa não!

Nesse momento a coitada da Maria aos prantos, saiu correndo por dentro da casa e José atrás e tentado se explicar.

Todos os sonhos de contos de fadas para Maria estavam sendo jogados pela janela e uma grande decepção nascendo no lugar.

Corre daqui, corre de lá, Maria resolveu subir em cima do fogão de lenha e isso lhe causou um grande tombo, provocando-lhes queimaduras profundas em suas pernas e nádegas.

Com toda inocência a garota caiu em um grande pranto, onde não se podia saber se sua dor era pelos ferimentos ou pela situação que a pobre coitada se encontrava.

José inconsolado foi prestar socorro, levando-a para a casa dos pais, para que lá pudessem cuidar de seus ferimentos.

Muito atenciosas às irmãs mais velhas, Rosalva e Josefa, passaram a cuidar da moça enquanto José aguardava a recuperação da esposa para assim poder consumar o casamento.

Como toda a irmã solidária, Rosalva resolve explicar a Maria como deve ser um casamento e as obrigações de uma esposa:

- Maria, preste atenção no que vou te disser. Você nunca viu o que o porco faz na porca? Que o galo faz na galinha?E que a vaca com o boi?

Nesse momento Rosalva é interrompida pelos choros de Maria.

A fala de sua irmã lhe causava pânico, deixando-a mais nervosa e inconformada.

Rosalva, consolando a coitada, logo deduziu que usou de estratégia errada.

- Não chora Maria, a coisa é assim mesmo, você se casou e agora tem que servi o marido. Mulher nasceu pra isso. Fique calma que sempre nos acostumamos. José é um homem bom, fique calma.

Maria não queria ceder a essa situação então começou a se mutilar arrancado pedaços das nádegas, ferindo – se, mais ainda, teve febre, náuseas, cólicas, convulsões, a cada dia uma surpresa.Sabe se lá se todos esses sintomas foram dos ferimentos ou psicológicos.

Quando sozinha caminhava pelo quarto sem parar simplesmente desnorteada pela situação que haveria de encarar, seu sonho era acompanhado de delírios e gritos de susto.

Tudo parecia difícil e incoerente com a realidade que Maria esperava de um casamento, esse não era o que lhes permitiram conhecer.

E agora! O que fazer?

Sua família estava tão preocupada quanto ela mesma, achavam que Maria ficaria louca, mas como uma mãe ou um pai poderá ter esse tipo de conversa com uma filha, as coisas eram bem difíceis para todos da época!

E o silencia e tristeza pairava sobre aquela casa.

E todos ficavam esperando que o tempo resolvesse a situação.

A moça via sua recuperação evoluir e seu terror e pânico aumentar, ela não se conformara com que fizeram com ela, não deixaram que ela tomasse conhecimento da realidade que era uma vida a dois, que tudo não era só o convívio diário, por que permitiram que ela não enxergasse a realidade, o que impedia sua família de mostrá-la o caminho!

Será que essa realidade é tão obscura que deve ser escondida, o que haveria de tão errado e feio no relacionamento desse amor e essa entrega entre dois seres? Por que essa omissão?

Ela ficava cada vez mais inconformada, mas sabia que tinha que ser ela mesma para resolver, e teria que ser da melhor forma para ela e para José.

Todos sofriam, uns por omissão outros por redenção.

Maria buscou forças, pediu para que chamasse José, ninguém se atreveu e perguntar, o por que .

Todos ficaram atônitos, mas ela não disse nem uma palavra, era com José e com ele, ela iria resolver a situação.

Logo chega o rapaz,entrou no quarto e pois se a escutar Maria.

De uma fortaleza que não se sabe de onde Maria começou a falar.

- José, sou sua esposa, me casei com você porque julgo que sinto por você seja amor, espero que, o sentimento que tem por minha pessoa seja bom também, quero ir para nossa casa com você, não sei nada sobre o que vai acontecer entre nos em um quarto, espero que possa me ajudar e tentarei ser a melhor esposa, só peço que espere o meu tempo, pois para mim tudo é novo e difícil. Caso ache que eu mereço essa oportunidade estou pronta.

O moço com toda a sua nobreza surpreendeu Maria, deu lhe o braço, caminharam até a sala, os recém casados se despediram dos familiares, seguiram seus caminhos.

José só expressou uma frase que mudaria a visão das novas gerações dessa família.

- Nós dois não deixaremos essa história repetir com nossos filhos.

Maria derrubou lagrimas de emoção e percebeu que havia ganhado um cúmplice para a vida toda.

DEBORA LECCE

Debora Lecce
Enviado por Debora Lecce em 20/01/2009
Código do texto: T1395171
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