Sonho de Menina

Fazia calor naquela tarde do verão de 1985, tanto que os alunos se enrolavam em lençóis molhados nos intervalos da peça. Antes que a última cena fosse apresentada, a menina protagonista levantou-se, respirou fundo e uma felicidade plena a invadiu.

Mesmo depois de cessados, o eco dos aplausos ainda ressoavam,

então, eles souberam que haviam feito jus à expectativa causada.

Depois de longos minutos não havia ali mais ninguém. Os atores-mirins tinham ido, juntamente com os falantes expectadores. A menina caminhou entre os assentos vazios, com as costas eretas como as de uma bailarina e os olhos marejados. Parada sob o enorme lustre fechou os olhos e escutou.

O som que ouvia era de clarins e piano e vinham de dentro de si.

Esse era seu mundo, o mundo que queria, o mundo do qual precisava, aquele com o qual sempre sonhara...Então, ela soube que

o estranho e tortuoso caminho não poderia ser seguido.

A bolsa de estudos a esperava, em outro lugar, com outro propósito vindo da vontade de outras pessoas.

A arte se apossa das almas, a música, o palco, a energia vinda

dos olhos atentos das pessoas que assistem e aplaudem.

O sonho ficou ali, embaixo daquele teto desenhado e sobre o palco artisticamente iluminado.

"O que lembro, tenho."

OLHOS RADIANTES
Enviado por OLHOS RADIANTES em 27/01/2009
Reeditado em 25/11/2011
Código do texto: T1407087
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