O assalto

A família reuniu-se à mesa para almoçar. A mulher terminava de ajeitar as panelas enquanto o menino batucava com os talheres no prato, ansioso pela comida, quando batem à porta. A mulher abre a porta e é surpreendida por dois homens armados. Um deles a domina e aponta o revólver para sua têmpora enquanto o outro manda todos ficarem em silêncio e se dirigirem rapidamente para o banheiro.

O menino chora, pedindo ficar com a mãe. Os assaltantes permitem por ora, ameaçando atirar na mulher caso o menino gritasse ou tentasse fugir. Trancam o resto da família no banheiro: a filha mais velha, um tio, e o avô.

Os assaltantes dizem para a mulher que eles só querem o dinheiro do marido. Entregasse-lhes o dinheiro, que eles deixariam a casa no mesmo instante, e tudo terminaria bem.

A mulher tenta manter a calma. Diz que seu marido só chegaria em casa ao final da tarde. Os assaltantes dizem não ter pressa. Trancam a mãe e o menino no banheiro também, e ficam de tocaia, aguardando chegar o marido.

Os assaltantes aproveitam o almoço recém-preparado e esbravejam algumas ameaças de tortura à família. Ao fim da tarde, um dos assaltantes observa pela janela que o homem está chegando. O outro assaltante vai até o banheiro, chama o avô para fora. Leva o avô até a porta e pede que ele aja naturalmente. O avô está com um revólver encostado em sua nuca.

O homem bate à porta. Em um lance sincronizado, no momento em que o senhor abre a porta e o homem põe o primeiro pé dentro de casa, um dos assaltantes o surpreende, dominando-o facilmente. Os assaltantes informam ao homem que só querem o dinheiro. O homem diz que não tem dinheiro algum. Um dos assaltantes manda o avô entrar novamente no banheiro, e manda a filha do homem sair. Os assaltantes espancam a filha na frente do homem e ameaçam matá-la se ele não lhes der o dinheiro.

O homem ouve seu filhinho chorando, de dentro do banheiro, e diz que resolveu dar tudo o que tem aos assaltantes. Um dos assaltantes tranca a filha de volta no banheiro e pega o menino. Ele reluta em ir, mas a mãe o consola, diz que vai terminar tudo bem. O menino e o pai se abraçam. O menino pede ao pai que só faça com que esses homens maus vão logo embora. O homem conduz os dois assaltantes até o quintal dos fundos. Um aponta sua arma para o homem, o outro a aponta para o menino. O homem pega uma pá próxima à porta da cozinha e começa a cavar em um lugar específico. Desenterra uma sacola cheia de dinheiro.

Os assaltantes perguntam se os duzentos mil estão todos aí. O homem confirma. Os assaltantes abrem a sacola, fitam o dinheiro, e conduzem novamente o homem e seu filho de volta para dentro de casa. Um dos assaltantes aponta pela última vez seu revólver para o rosto do menino e lhe xinga umas ameaças de morte, só por sadismo. Agradecem ao homem pelo dinheiro e, por fim, deixam a casa.

O homem tenta afagar o filho, mas ele só faz olhar o pai com desprezo. O menino solta sua família enquanto o pai, desolado, encosta sua testa na parede da sala. Não pode chamar a polícia, afinal, o dinheiro era parte de um roubo a banco do qual havia participado. Além do mais, os assaltantes ele os conhecia bem, eram dois policiais ambiciosos que investigavam o caso.

Vitor Pereira Jr
Enviado por Vitor Pereira Jr em 18/02/2009
Reeditado em 20/06/2017
Código do texto: T1446397
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