Nos Braços de um Anjo

Nos Braços de um Anjo

(Rael Maes)

Morreu, quando a população de uma cidade, descobriu quem era ele. Fora um rapaz que quando criança era espancada e amaldiçoada por seus pais de criação, estes sempre berravam em seu ouvido.

"Maldito seja você, sua criança maldita”.

“Você não merece viver, seus bastardo, filho do demônio".

Ele acreditava em seus pais e constantemente cortava-se com cacos de vidro para pedir perdão. Certo dia havia recém apanhado de sua mãe, pois, a tinha visto transar com moleques de 14 e 15 anos, quando ela o viu, lhe bateu até sangrar seu corpo, com um galho de laranjeira, causando cicatrizes que o tempo não curou. Chorando em seu quarto viu seu pai voltando alcoolizado.

Quando seu pai olhou para ele, já foi pegando a sinta, a criança ficou apavorada e correu, mas, logo foi pego, seu pai pegou um taco e bateu em sua cabeça, fazendo com que ele desmaiasse, voltou a acordar no hospital e lá ficou sabendo que havia caído da escada e seus pais saíram salvos com essa mentira.

O ódio dominou-o, no dia que recebeu alta, chorou pela ultima vez em sua vida e jurou que jamais uma lágrima cairia de seu rosto.

Se recuperando e por estar debilitado, seus pais ficaram uma semana sem bater nele. Mas não olhavam para ele, não conversavam com o menino e ele não tinha se quer um amigo, porém, esta semana que se passou, foi a mais bela que tem lembrança.

Passada esses dias de recuperação em casa, estava olhando para a janela, havia recém acordado e lá estava a quase sorrir, vendo os pássaros nas arvores, quando sentiu uma dor tremenda em suas costas, fora chicoteado, por um chicote usado nos cavalos e nas pontas havia navalhas.

Olhou para traz, estavam seus pais, o xingando por ter se levantado e não ter limpado seu quarto e não ter feito o café da manha

“Menino maldito, filho do demônio, você não presta para nada mesmo”.

Olhou seus pais secamente, sem lágrimas, seu suor era sangue que vertia, pegou a cadeira em que estava encostado e acertou seu pai, fazendo-o desfalecer, seu crânio se abriu com a força imposta ao golpe, a mãe olhou desesperada, tentou correr e fugir, mas, sem sucesso e fora esmurrada até a morte, olhou sua mão ensangüentada, a lambeu e sentiu prazer, amou a morte, descobriu a forma de calar a dor.

Desta forma poderia acabar com todos que o deixassem triste e que poderiam por ventura lhe causar outra lágrima. Fugiu de sua casa e viveu nas matas, matando animais com as próprias mãos, para poder sobreviver. Fugindo da população que a caçava, pois, souberam do que cometerá.

Passado algum tempo, resolveu sair da mata e ir mais próximo do povoado que viveu, chegando lá, viu um homem bater e molestar um menino, não sabia o motivo, mas, para ele, havia motivo para proteger o garoto. Aproximou-se sem que pudessem vê-lo e acertou uma pedrada no homem, que caiu apagado no chão. Ao se virar, para ver o menino que antes fora atacado, sentiu um golpe na cabeça e também apagou. Quando voltou a si, estava em uma roda de pessoas e elas o xingavam.

"Maldito assassino" e davam-lhes tapas...

"Maldito monstro, seja amaldiçoado e não tenha paz nunca mais”.

Olhou em volta e viu o homem que tentou assassinar e ao lado dele o menino que quis salvar, abraçado nas pernas de tal homem e dominado pela raiva perguntou ao menino

“porque me atingiu? Se fui te salvar deste homem que te maltratava?”.

O menino respondeu

“Ele é meu pai, eu amo ele e você é o filho do demônio, as histórias contam sobre você, seu amaldiçoado".

O menino jogou uma pedra no amaldiçoado e os demais da população a sua volta, começaram a ferir-lhe as faces, com socos e pedras, sentiu seu corpo sendo açoitado.

Mas, não chorava, não gemia, ele apenas sorria e a tortura imposta a seu corpo aumentava, estava gostando da dor, não havia pensamentos, de ira, ódio, sentiu amor, foi quando ascenderam uma fogueira e o menino que antes havia tentado salvar, berrou.

"Acabem com o mostro".

Tizumba percebeu, que ali sua estada neste mundo, se acabaria e disse ao tal menino e enquanto falava, nenhuma voz se ouviu a não ser a de Tizumba

"O demônio aqui, tentou salvá-lo do demônio que chama de pai, quando vivi escondido nas matas, pedia perdão a Deus, por ser filho de um ser demoníaco que jamais vi e pedi a Deus para me enviar um anjo, e me salvar deste inferno em que vivemos, quero agradecer a você, por ser o anjo que Deus enviou, agora façam o que deve ser feito”.

Calou-se e não sentiu seu corpo queimando, apenas sorria em direção do tal menino, que agora chorava, por não saber o que acontecia naquele momento, nos olhos de Tizumba, sua promessa não fora cumprida, pois, quando olhou para o céu, viu o anjo que estendia seus braços e soltou a ultima lágrima de sua triste vida.

Rael Maes
Enviado por Rael Maes em 26/02/2009
Reeditado em 10/11/2012
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