O TREM

O TREM

Lá vinha o trem, zunindo em cima dos trilhos e da janela de sua pobre casa bem na beira da linha, Lalinha olhava embevecida a figura da locomotiva apontar na curva da estrada apitando lindamente, arrastando os vagões e soltando fumaça para o céu; aquele trem era a única distração e alegria da menina

De manhã ela assistia de sua janela a passagem do diurno que seguia para a capital, vindo ela não sabia de onde e a tardinha passava o noturno voltando ela também não sabia de onde para a capital, mas ela estava lá em sua janela, sorrindo e saudando os passageiros com um vistoso lenço vermelho.

Lalinha tinha oito anos e nunca perdeu a passagem de nenhum trem, ela amava aquele barulho rouco que ela entendia como: café com pão, manteiga não e as vezes o som mudava para: tuco, tuco, vô pra Pernambuco; a menina tanto ficou na janela que os passageiros acenavam para ela também.

As vezes ela dizia para sua pobre mãe viúva: mamãe esse trem ainda vai parar aqui e me levar para passear na capital, a senhora vai ver, a boa mulher respondia: pode até ser Lalinha, pra Deus nada é impossível minha filha, mas o tempo passava rapidamente como aqueles trens, mas parar nunca paravam.

Um viajante comercial passava duas vezes por mês naquele trem e se acostumou a acenar para Lalinha em retribuição a sua alegre saudação e como logo adiante tinha uma pequena cidade onde o trem parava por cinco minutos, ele perguntou ao chefe da estação se ele conhecia aquela menina do caminho.

O chefe disse que ela era uma coitadinha paralítica que nunca saia de casa e se distraia com a passagem dos trens, o povo da cidade levava ajuda para a sobrevivência dela e da mãe viúva, porque eram muito pobres e que o sonho dela era viajar de trem; o viajante era um bom homem e se impressionou muito.

Voltando a capital ele procurou o presidente da ferrovia e contou a historia da menina que adorava os trens e o senhor resolveu fazer uma surpresa para Lalinha;

em uma bela manhã de sábado ela na sua janela esperava o trem diurno e quando ele surgiu na curva apitando, ela nem acreditou.

Era um trem especial todo enfeitado de bandeirolas coloridas e foi diminuindo a marcha até parar bem em frente a sua janela e dele desceram senhores e senhoras bem vestidos, com as mãos cheias de presentes chefiados pelo presidente da ferrovia, que disse: viemos convidar você para um passeio.

E para a mãe da menina explicou que ela e a menina estavam convidadas para um passeio naquele trem que Lalinha tanto amava e que naqueles embrulhos tinha roupas e tudo ao mais que precisassem, elas se vestiram rapidamente com as novas roupas e embarcaram no amado trem de ferro.

A menina nem acreditava em tudo aquilo e quando a locomotiva apitou para partir, ela disse: viu mamãe, o trem parou e está me levando para passear na capital, como a senhora disse, para Deus nada é impossível e dessa estação Ele é o chefe e dá a partida e o trem zuniu pelos trilhos dizendo: café com pão, manteiga não, fuiiiiiiiiii,

Maria Aparecida Felicori{vó Fia}

Texto registrado no EDA

Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 07/03/2009
Código do texto: T1474952
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