Buzão

o ônibus acende sua luz e vai embora noite afora estamos no terminal da asa sul com motores ligados pra correr atrás do vento a noite é apenas alumiada por estrelas e luz elétrica vrum vrum velocidade vamo embora pra asa sul já tá na hora lataria balançando curva fechada tsss vruuum vruum passa a segunda sobe o setor militar será se a luz se acelera ou é só impressão minha? a próxima parada passageiros dão sinal, seus braços brilham eles pedem um abraço para entrar dentro do ônibus são sangue novo para acordar a nós que dormimos nos bancos de borracha eles pagam pra entrar!, isso é absurdo.

entramos na L2 sul Brasília e seus endereços passam uma imagem de cidade robótica esplêndida do futuro, porra paramos no sinal vermelho irônico mandão de peito firme a ordenar: “pare! pare!” é o caralho são onze da noite e o motorista do buzão fura o sinal vrum vrum veloz até a tsssssss próxima parada igreja católica velhinha respeitável engolida por neón vamos atrozmente por quebra-molas a frente, maquinaria voadora de dar inveja a Hermes pelas luzes que se confundem com a simples velocidade e ninguém discute se são ondas ou partículas.

poste poste poste poste sobre tanta grama verde irrigada pela chuva de hoje de manhã, e infelizmente acaba minha viagem depois de tanta paisagem, dou sinal e desço assobiando canções.