RELATO DE UMA ALMA

“Este conto não é um relato sobre o meu eu, embora dentro dele tenha encontrado semelhança com algumas situações que já vivenciei. Ele surgiu a partir de um depoimento que presenciei e do que ouvi redigi este texto o qual achei muito significativo. Quem tiver tempo e paciência recomendo que leia. Fato verídico.”

Alguém que vive entre o céu e o inferno, a luz e as trevas, o positivo e o negativo. 

Quando a escuridão se apodera de minha alma, as trevas se manifestam, e este veneno corre sobre minhas veias, me adoecendo com profunda tristeza. As trevas me trazem os sentimentos mais inferiores: o rancor, as mágoas, a raiva se transformando em ódio e o coração já não é mais sentido, apenas revoltas como turbilhões dilaceram o meu ser apodrecido de tanta escuridão.

Já não tenho mais amigos, estou só neste vale das sombras, ao meu redor os inimigos de minha alma, de minha salvação, e esta se distanciou de mim, como eu próprio dela. Os inimigos estão de prontidão, aplaudem a minha desgraça. Não adianta buscar Deus, ele se afastou de mim, tanto quanto eu Dele; Porque fui dominado por forças obscuras.

Quem me fez isso? Quem fez isso com minha alma? Nenhuma palavra de alento, só desprezos; sou um desprezado. A enfermidade de minha alma apodrece meu ser, a enfermidade causada pelo pecado me domina. Pequei no corpo como na língua, todo o fardo de meus pecados caiu sobre meus ombros, caí postado ao chão, de cara no chão.

O amor não habita nestas trevas. A luz se despediu e a treva fez aposento em meu ser obscuro, preenchido de sombras, torturando-me dia e noite. Da traição, do falso, da mentira que veio ao meu encontro, encheu-se meu coração de mágoas e rancores; a desilusão apoderou-se de mim e minha alma padeceu em terra férvida.

Foi à mágoa que cultivou a decepção vivida, em tudo isso meu coração dilacerado pelo peso da ilusão deu angustia ao meu ser por completo. As lágrimas ainda não secaram, correm como rios de meus olhos, ensopando o papel que descrevo esta triste memória. 

No alívio da dor...

No bem todas as dádivas. Um coração limpo sem rancor, sem magoas. Hei de lavar nas águas puras e límpidas de um altar chamado natureza toda a desilusão.

Se for verdade, como sempre foi em todas as histórias que tratam do bem e do mal, é verdade que o bem sempre vence o mal? Sé é verdade, resta-me a esperança, dentro de meu ser essencial onde só Deus habita, se é verdade, todo o mal será diluído, derretido pelo fogo sagrado do bem.

Embora que não haja um só vivente que acredite em mim, do alto dos céus meus Anjos virão em meu socorro. Nesta pausa onde as sombras começam a se distanciar de minha alma, a luz se aproxima, a esperança grita! Do abismo negro é ela que me resgata.

A história do bem é majestosa, onde Deus habita serenamente, suavemente, humildemente, com seus Anjos e Santos, onde habitam todas as iluminadas virtudes divinas. Destas forças benignas virá o meu socorro.

Nesta hora estou longe das sombras obscuras, me refugiei a sombra de uma árvore frondosa chamada Virgem Maria, minha Mãe Celestial, minha Rainha. Busco no verde da natureza a esperança para que a fé brote e reine eternamente em meu ser, busco nas águas límpidas da natureza o refrigério para minha alma e encontro dentro de mim o sonho que reconforta meu coração e fortalece o meu ser. Adormeço...

Os Serafins cantam suaves cânticos e me fazem entoar o mais lindo cântico ao meu Deus, Eles estão comigo entoando lindos côros celestes; os Querubins embalam minha alma em belos encantos angélicos; em união legiões angélicas vêem ao meu encontro: Tronos, Dominações, Potestades, Virtudes, Principados, Arcanjos e Anjos, não me abandonam e não deixarão que minha alma pereça após a morte.

Sobre escada desce um Anjo cor Azul, mensageiro de Miguel Arcanjo; se aproxima lentamente, suavemente, brandamente... Olha profundo em meus olhos e me entrega uma chave, não fala pela boca, mas pelo coração, que transmite ao meu coração. Diz-me que aquela chave representa a humildade. “Todo aquele que é humilde esquece-se de si, domina o ego; pois, o egoísmo alimenta mágoas e rancores; o amor próprio demasiado é o ego manifesto, faz o homem esquecer que deve perdoar para ser perdoado. O homem humilde compreende a fraqueza do outro, fala pouco de si e ama mais.”

Assim um anjo me falou.