TERRA BRASILIS

Tarde movimentada. O entra e sai de ternos e gravatas chama a atenção da imprensa... Carros luxuosos param em frente à porta da sede da Presidência, pessoas engravatadas descem e, rodeadas de seguranças, entram no Palácio do Governo, onde o presidente de Terra-Brasilis os aguarda para mais uma reunião de cúpula.

A equipe econômica fora convocada às pressas, pois há a necessidade de se criar um novo Pacote Econômico. Há a necessidade de se arrecadar mais dinheiro, pois o Tio Sam encontra-se em apuros, com dificuldades financeiras, necessitando de alguns trocados; algo estimado em bilhões de dólares.

Vários foram os motivos que levaram o “flagelado” país de Tio Sam à quase-falência: o vício de um dos seus sobrinhos, que por pouco acabava com o estoque de charutos (principal fonte de “renda íntima” das suas secretárias); a inexperiência de alguns pilotos estrangeiros, que por falta de atenção chocaram seus aviões contra um dos mais importantes centros econômicos do país, causando um enorme prejuízo àquele povo, filhos do flagelo, e, recentemente, a atitude impensada de outro dos seus “ilustres” sobrinhos, Busho Filho, que, após forjar provas contra um reles militar que gostava de dar aulas de “Ditado” em Diaraque, país abastado e de renda per capta “acima dos padrões”, juntou-se a um amigo bretão e praticou “inocentes” atos de vandalismo contra o patrimônio público-social daquele ditador, melhor dizendo, daquele Professor, injustamente acusado de distribuir “bombas de reprovação em massa” entre seus alunos e de fornecer brevês àqueles pilotos que levaram o principal centro econômico de Tio Sam ao buraco, literalmente falando.

Ao descobrir o que fizera o sobrinho, Tio Sam, já endividado por conta dos problemas anteriores, resolveu pedir ajuda ao presidente de Terra-Brasilis que, sensibilizado, não hesitou em ajudá-lo. Convocou toda a cúpula econômica e pediu uma solução imediata, pois o caso era de extrema urgência.

Inúmeras proposta foram apresentadas até se chegar à de dar continuidade aos projetos do presidente antecessor, o Sr. Efeagacê Garboso, que não tivera tempo de aprová-los devido às viagens de “negócios da China-para-inglês-ver” que fora obrigado a fazer pelos quatro cantos do mundo.

Discutem daqui, negociam dali e finalmente chegam a um consenso: colocar em prática as Reformas Tributária e Previdenciária, as quais, somadas ao arrocho salarial dos trabalhadores terra-brasilinos e ao "corte" nos gastos públicos, seriam fontes de arrecadação, a curto e longo prazo, em prol do “Fundo de Ajuda Permanente ao Tio Sam”. Visando minimizar os problemas de saúde do velho Sam, foi reapresentada a proposta de doação da “improdutiva” Floresta Amazônica, para que ele de lá extraia ervas e raízes medicinais que possam curar-lhe as freqüentes dores de cabeça provocadas por seus inconseqüentes sobrinhos.

Após horas reunidos, finalmente o presidente de Terra-Brasilis, o Sr. Genérico Diefeagá Silva, e sua equipe econômica resolveram aprovar o texto das Reformas e encaminhá-lo à Câmara dos Rabos-Presos para votação e em seguida ao Senado Fuleiral, para que lá fosse dado o “veredito final” com a devida urgência que o caso requer, pois o pessoal do FMI (Fabricante de Mendigos Internacionais), representante legal do Tio Sam, aguarda uma resposta, de preferência positiva.

“Fuleiros” e “Rabos-Presos”, contrários à forma como foram redigidos alguns artigos das Reformas, manifestaram-se e tentaram resistir à aprovação, mas, em respeito à democracia “manda-quem-pode-obedece-quem-tem-juízo”, terminaram assinando, pois foram “convencidos” pelos argumentos da maioria de que o que é bom para o Tio Sam, com certeza será melhor ainda para a família circense de Terra-Brasilis, que em nada pode opinar por se tratar de “meros figurantes”, porém coadjuvantes de peso no Gran Circo Eleitoral.

A proposta de doação da Floresta Amazônica, há muito em tramitação, ainda não foi aprovada devido a outras ainda mais importantes, mas os filantropos do Congresso concederam (em caráter emergencial e por tempo indeterminado) a Tio Sam o direito de entrar e sair de lá a hora que quiser, e de levar ao seu país o que bem precisar, sem a necessidade de passar pela alfândega ou de apresentar autorização, podendo, inclusive, utilizar-se da mão-de-obra gratuita dos simpáticos terra-brasilinos.

Joésio Menezes
Enviado por Joésio Menezes em 15/04/2009
Código do texto: T1540036
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