vestidas-rasgadas-arrancadas

Preta. Rendada.

Vivia de alimentar aquele sonho... Sabia que chegaria o dia em que teria a companhia daquela 'gata' para usar a 'peça' na hora certa para o encontro certo. Mas estava demorado...

Resolveu, então, comprar uma substituta que usasse a mesma indumentária. Foi um sucesso... Ficava ao lado dele, no travesseiro especial. E não tinha "não" : a toda hora, a qualquer hora do dia, da noite, bastava um simples gesto com a mão e lá estava ela diante dos seus olhos... Era meio feiosa, um tanto desengonçada, mas usava sempre a calcinha... preta, rendada.

E desse jeito o homem estranho, solitário, ia levando o tempo. Não se lembrava de ter vivido coisa semelhante. Mas precisava transformar o sonho em realidade... ficar só no 'faz de conta' não resolvia.

Naquele dia, não almoçaria em casa; afinal, andava cansado de ser cozinheiro todos os dias. Tomou o ônibus e se foi pra cidade grande. Encontraria um bom restaurante. Saboreou um delicioso arroz carretero com charque legítimo, do sul. Depois passeou, olhou a cidade. Comprou revistas, leu jornais.

Hora de voltar.

Quando desceu, já de longe estranhou que as luzes da casa estivessem acesas.

Entrou, não sem ter um certo cuidado, e já estranhou a cadelinha não ter latido. Foi andando...: aquela bela mulher sem qualquer censura... e a calcinha preta !!!

Com apenas uma nesga de luz que do close adentrava o quarto, podia vê-la... ela ali, estendida na enorme cama... dormindo...

Aquele visual a cada vez e mais e mais o incandescia interiormente.

Esperaria. Afinal, ela não dormiria o tempo todo.

...e aquela noite nunca se perdeu na memória...

nem os dias... de manhã, de tarde... qualquer hora...

Calcinhas pretas nunca mais 'duraram para sempre'.

...tiradas-vestidas-rasgadas-arrancadas...

lilu
Enviado por lilu em 16/04/2009
Reeditado em 02/06/2009
Código do texto: T1541731