A morte do Xerife

A Morte do Xerife

Acordou já era tarde e resolveu dar uma saída até os bares para ver se estava tudo em ordem, tinha que fazer isso, pois não era a toa que era o Xerife. O bravo. Nunca fugiu de uma briga, e, quem dele fugia ia parar no hospital. Estava pensando nisso quando percebeu que se encontrava em frente do primeiro bar. Sentia cheiro de confusão, deu uma verificada lá dentro, mas não viu nada de anormal, mesmo assim deu uma observada na sala de jogos, pois jurava que tinha confusão. Mas, infelizmente o seu pressentimento falhou. Quando saiu deparou com um poste na calçada, estranhou. Morava ali há muitos anos e freqüentava o bar, conhecida cada pessoa que ali estava, não viu ninguém estranho. Era como se estivesse procurando alguém. Olhou em cada rosto, em cada traço mas nada diferente, somente aquele poste e não sabia o porquê. Se fosse prefeito mandaria mudar o poste de lugar. Mas, coitado, era apenas o Xerife. Resolveu deixar de lado e ir ao outro bar, tinha que atravessar a rua. Primeiro, como todo cidadão cuidadoso, observou se não tinha movimento. Não tinha. Agora no meio da rua ia observando se no outro bar havia estranhos. Procurou com o olhar desconfiado um poste. Não viu. Bom sinal, não ia deparar novamente com um poste. De repente uma buzina. Olhou para o lado que vinha o som, viu um automóvel em alta velocidade. Se fosse autoridade iria multá-lo, mas, infelizmente era apenas o Xerife. Mesmo assim anotou a placa, poderia precisar mais tarde. Assustou-se quando percebeu que seria atropelado. Tentou fugir, não conseguiu. Uma batida e uma freada. O motorista desceu e foi ver o estrago. Reclamou que buzinou por duas vezes e não deu tempo para frear (esta sempre é a primeira desculpa), uma multidão saiu das casas comerciais para ver o que acontecera. Entre os curiosos um senhor gordo chegou gritando:

— Xerife ? Xerife ?!

Não obteve nenhuma resposta. Foi até o motorista e disse:

— Se eu fosse autoridade prendê-lo-ia, mas sou apenas o dono do Xerife.

Coitado do Xerife. Era um belo cão.

Valter Figueira
Enviado por Valter Figueira em 25/05/2006
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