A morte como recompensa

João tinha acordado com uma sensação estranha, era como se algo em sua vida fosse mudar por completo naquele dia, até o momento tudo tinha sido normal, acordará como de costume as 06:00 h da manhã, tomou seu café, saiu apressadamente, sem dar tempo a sua esposa que a uma semana tentava conversar com ele.

O fim de semana tinha sido complicado, João teve que trabalhar no sábado e domingo para preparar uma apresentação sobre as vendas do primeiro trimestre de ano ao seu chefe, que o avisou na sexta feira a tarde sobre a reunião das 8:30 h da manhã de segunda feira, tinha chegado irritado,, brigado com a mulher, passou trabalhando e afastou todas as tentativas dela de conversar, ao sair cedo naquele dia não foi diferente, ao fim da tarde ele conversaria com ela, sim, ao fim da tarde tudo ficaria bem, talvez até recebesse uma promoção, quem sabe o chefe tinha apresentado esta tarefa como um desafio e ele tinha conseguido superar, com estes pensamentos em mente João saiu para o trabalho satisfeito, ignorando aquela sensação estranha que o havia o estava acompanhando desde que acordou.

Durante a apresentação João sentiu mal, além de seu chefe estava presente também os principais diretores da empresa, ao iniciar teve certeza de que eles estavam ali para avalia – lo, a promoção seria muito boa com toda a certeza, o que não estava bom era o resultado das vendas, mas isso não era culpa sua, sua função era apresentar os resultado e não modifica lo, ao fim foi chamado a sala de seu chefe.

Mesmo sabendo que as noticias não eram boas para a empresa, ele tinha a certeza que seria promovido nesse momento, continuou a não dar atenção aquele estranho pressentimento.

Nada poderia ter sido pior, João foi demitido, era isso que os céus tentavam avisá-lo, não era culpa sua, era culpa da crise, mas mesmo assim João foi demitido, o mensageiro foi morto pelo conteúdo da mensagem ser ruim, e embasado em sua própria apresentação seu chefe o demitiu dizendo que não tinha o que fazer, solicitou então que João retirasse suas coisas o mais breve possível.

João não conseguia entender porque o queiram longe tão rápido, alias percebia sim que a empresa queria sempre tudo tão rápido que nem o deixavam descansar na paz de seu lar tranquilamente, não deixavam que almoçasse tranquilamente, não deixavam que dormisse o sono dos justos, pois ele era justo, cumpria suas obrigações com a empresa, com a igreja, com a sociedade e com sua família, mas pensando bem ele não estava cumprindo suas obrigações com a família corretamente, não conversava com a esposa, não brincava com os filhos, nem mais levava o cão para passear, e gostava tanto disso, mas em compensação, estava com seus impostos pagos em dia, todo domingo estava na igreja pela manhã, pagando seu dizimo regularmente, e principalmente cumpria todas suas obrigações com a empresa, não se atrasava, não faltava ao trabalho, mesmo estando doente, trabalhava nos fins de semana, ficava até tarde, tudo sem cobrar horas extras, tudo em nome da empresa.

Sendo uma pessoa tão boa e justa, tendo cumprido todas as suas obrigações para com Deus e com a empresa, não entrava em sua mente o porque estavam fazendo isso com ele, ninguém lhe respondia, por mais que questionasse a resposta não vinha de nenhuma parte. A empresa não tinha respondido seus porquês, mas Deus ira responder, sim ele tinha que responder, tinha de explicar o que João que em sua vida toda procurou ser o mais correto possível tinha feito de errado para que isso tivesse acontecido. Não tinha parado para ouvir o que sua mulher tinha para lhe contar, mas não tinha problema, além das respostas que Deus lhe daria sobre o mal que tinha feito a empresa e a ele, Deus também lhe diria o que sua esposa tinha para lhe contar, estes pensamentos todos e finalmente a explicação daquela estranha sensação de hoje de manhã vieram a mente de João no instante em que se lançou diante do ônibus que cortava avenida, sentiu apenas o impacto então, o tumulto de pensamentos silenciou e o merecido sono dos justos chegou.

Marlon S Lopes
Enviado por Marlon S Lopes em 19/06/2009
Reeditado em 21/06/2009
Código do texto: T1657303
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