A sombra da morte

Para afastar pensamentos inconvenientes da minha cabeça resolvi passear na praça para relaxar no dia anterior tínhamos ganhado folga por que o pai do meu chefe tinha morrido, uma tragédia tinha se abatido pelo seu lar falou nosso gerente, mas na minha opinião não é uma tragédia, é um fato da vida, se a única certeza de que temos é que um dia iremos morrer, não é realmente uma tragédia a morte de alguém.

Nunca conheci o velho, tinha cerca de 62 anos, e tinha sérios problemas de respiração, resultado de uma vida de fumante inveterado, após dias na UTI do hospital da cidade acabou morrendo, e então eu ganhei meu dia de folga.

E assim cheguei aqui nesta bela praça e sentei um pouco para relaxar, meus olhos passeavam por todos lados da praça sem ter um alvo em particular, então deparei – me com uma família que fazia um piquenique e passei a observa - los com mais atenção.

Era formada por um casal jovem, e um bebe pequeno. Ele no máximo teria uns 33 anos, vestia uma camiseta azul, e um calção verde e calçava uma havaianas, estava tranquilamente brincando com o filho, era realmente uma criança bem bonitinha, dessas gorduchinhas que temos vontade de apertar as bochechas devia ter no máxima uns cincos anos, dava parecia estar se divertindo com as brincadeiras do pai, estava usando um calção e uma camiseta iguais aos do pai, a mãe olhava para o marido e para criança cheia de ternura, também acho que deveria ter uns 30 anos, tinha um rosto delicado carinhoso.

Eles estavam com a toalha, xadrez, bem ao estilo de piqueniques dos filmes norte americanos, estendida e de dentro de uma cesta a mãe tirava algumas guloseimas, pai e filho parecia estar se divertindo enquanto chutavam bola, a mãe os chamou para comer o pai estava ofegante, e o menino vermelho de tanto correr sorria, enquanto o suor descia por seu rosto, sentaram-se na toalha para comer, enquanto o filho devorava um pedaço de bolo o pai ascendeu um cigarro sob os olhares reprovadores da esposa.

Não sei que impulso me dominou, mas como se obedecendo um ordem daquela mulher que aparentava ser frágil, por ser pequena e magra, e parecia ficar ainda mais pequena com o vestido branco que estava usando, levantei me e andei até a família que estava sentada na toalha, tomei o maço de cigarros do marido e falei sobre o fim da vida do pai de meu chefe, que não teve a alegria de ver os netos crescerem, então sai andando rápido e com passos firmes, olhei de relance para trás e percebi o olhar de espanto do marido e da esposa que apesar de surpresa parecia feliz com o acontecido, conclui no caminho que a morte não é a tragédia, a verdadeira tragédia é perdermos os momentos felizes que poderíamos ter tido.

Marlon S Lopes
Enviado por Marlon S Lopes em 20/06/2009
Código do texto: T1658178
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