Escrava Lina crioula

Parece ontem disse meu pai, eu ainda menino a escrava “Lina crioula” abaixava o vestido nas costas e nos mostrava um enorme (m) nas costas feito com ferro quente em brasas. Ela dizia que esta marca não sairia nunca mais e que iria com ela para o cemitério. Quem tinha esta marca (m) nas costas pertencia à família “Moraes”.

Não conseguia entender “Lina crioula” não tinha magoa em seu coração. Lina crioula a caçula da família foi abolida pela lei Áurea, mas mesmo depois de sua libertação nunca abandonou a família “Moraes” o incrível é que ela gostava mesmo da gente. Ela dedicou sua vida ao zelo de nossa família.

Continuou meu pai ali nas imediações das grotadas, existia uma enorme fazenda e uma famosa “senzala” sua fama nasceu devido aos maus tratos dados aos escravos pelo “Capitão do mato” (capataz) por nome Sasuí, que educava os escravos na base do chicote. Os escravos tinham que trabalhar dia e noite e não podiam adoecer que iria para o tronco. Bem as escravas bonitinhas tinham um trato especial.

Mas um certo dia a princesa Isabel pôs fim a este terror. Bem Sasuí não tendo mais o que fazer acertou suas contas, arriou seu cavalo e seguiu em direção a sua casa em Santo Antônio do Monte. Só que não chegou lá, no caminho mais de trinta escravos o aguardava para um velho acerto de contas.

Os escravos o abateram a golpes de porretes. Para os brancos foi considerado um massacre. Bem! Para os escravos se libertaram do sofrimento de pais e filhos. Trabalhar tudo bem. Abuso de poder sempre causa indignação em massa. O destaque desta história foi que jogaram o corpo de Sasuí em um precipício. Seu cavalo foi encontrado perto de Santo Antônio do Monte pastando arreado.

O corpo, bem! O corpo de Sasuí foi encontrado três dias depois pelo vôo dos urubus em festa. Mas o corpo foi protegido dos urubus pela sua única amiga a cachorra de nome Bruxa que o auxiliava no maltrato aos escravos. Dizem que a cachorra Bruxa já estava cambaleando de fraqueza após três dias correndo em volta do corpo de seu amigo Sasuí.