segunda-feira seis de junho

Documento atual

reflete meu passado

nada de anormal

Sem alterações

Acordando as seis da manhã

Embarcando no coletivo

Sem trocar nenhuma palavra

com nenhum individuo

Prestando atenção na conversa alheia

esticando o ouvido

Secando as mulheres mais belas

comendo com os olhos

Baldeação no terminal

o mesmo aperto

um bolo que chamam de fila

todos aglomerados entrando ao mesmo tempo

Subo noutro busão

tem um tiozão do meu lado fedendo

logo cedo

fazer o que

tem cozinha que nem limão tem

Quase sempre os mesmos funcionários

um padrão do consumismo

moda de suburbio

conversa manjada

papinho aranha

pra cima da coroa

o que eu tenho haver com isso

fico imaginando

se fosse mulher

morreria virgem

ou devoraria todos os manés

feito alpiste

não caiu em ciladas

sou crescido

das preparadas

No mesmo horário

Na mesma função

Vou comer

Passo antes no olha a faca

sem consultar o patrão

Peço um pastel e uma tubaina gelada

Pode ser funada

Se não tiver vou de simba

O importante é estar frigida

sabor pizza meu brother

tu me arruma a pimenta?

Toco a campainha

nos olhos dos outros

diga-me quem me aguenta

Adentro o recinto

Encontro quem trampa comigo

Meu computador pifou

Modernidade é adianto

Hoje um dia perdido

volto pro papel e a caneta

O que faz valer é a união

Meia metade de período e,

vou almoçar

Que a fome espanca

cola a barriga nas costas

Vou comer

Tenho dez minutos para digerir

Bastante salada

vinagre e são pra curtir

Não importa

o olha a faca serve um rango bom

desmunheca com a mão

mas continua no padrão

sem dar em cima de nego bom

Convivência harmônica

Você lá eu aqui

Cada um no seu córner

Assim ninguém vai se ferir.

Marco Cardoso
Enviado por Marco Cardoso em 05/06/2006
Reeditado em 05/06/2006
Código do texto: T169868