Sete Palmos

Eu e Bruna éramos grandes amigas, éramos como irmãs, Bruna sempre me protegia e me ajudava em tudo, me tirava de todas as enrascadas.

Certa noite nos encontramos em frente ao cemitério, era tarde, tivemos que pular o muro, lá dentro era tão diferente a noite, que fiquei assustada, mas mesmo assim continuei em frente.

Andamos muito, procurando pela identificação em cima dos túmulos, estava tudo tão escuro. Enfim, encontrei o túmulo que procurávamos, cavamos tanto que acabamos cansando, a terra parecia cada vez mais dura.

De repente, ouvimos um grito, fiquei assustada, estávamos juntas e ninguém havia gritado, ficamos em silêncio, quando de repente, um vulto, olhamos novamente e observamos que este vulto saia de um túmulo e entrava em outro, fiquei tão assustada que sai correndo e acabei me perdendo, ouvi um grito me pedindo ajuda, mas eu não via ninguém, Bruna passou por mim correndo e disse que tinha alguém a seguindo, olhei e não vi nada, continuei olhando para ela quando pude ver que ela havia desaparecido. Ouvi mais gritos e fui ver quem era, chegando lá, vi Bruna sentada no chão, olhando para cima, como se tivesse alguém a cercando. Não se preocupe Bruna, eu farei parar. Fechei os olhos, peguei a pá e bati com toda força, senti que havia acertado alguém, abri os olhos, um senhor de barba branca, devia ser o coveiro, a cabeça rachada, sangrando.

Bruna entrou em desespero, disse que topou me ajudar a cavar o túmulo da minha mãe para recuperar o camafeu da minha avó, mas ser cúmplice de um assassinato, já era demais.

Bruna começou a gritar por socorro, pedi para que ela calasse a boca, que aquilo tinha sido um acidente, que tínhamos que continuar cavando, que tínhamos que recuperar o camafeu, mas Bruna não se acalmava, disse que iria chamar a polícia, me chamou de assassina, assassina, meti a pá na cara dela.

Já esqueci boa parte do que aconteceu, mas as vezes tudo volta novamente em forma de pesadelo, fecho os olhos, ouço gritos, pedidos de ajuda, mas não me arrependo de nada do que fiz, amanhã levarei o camafeu ao meu avô, que está numa cama de hospital, tenho certeza que ele ficará feliz, mesmo que seja pela última vez.

Nunca pensei em matar ninguém, mas se tiver que fazer por alguém que amo, me parece uma boa maneira de matar

Juliana AP Mendes
Enviado por Juliana AP Mendes em 02/08/2009
Código do texto: T1733031
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