Tiro de Socorro

Uma tarde, uma jovem a beira de uma estrada, abaixo de uma árvore, era outono.

Um carro passava, um pássaro voava, e a jovem tudo observava, e entre todas as coisas pensava.

Ao longe ela ouvia os ruídos da cidade, as buzinas dos carros, e o batucar das fábricas, mas naquele local, tudo era silencio, tudo era paz, tudo irradiava uma serenidade, e tudo que ela fazia era pensar.

Enquanto o tempo passava, livre, longe, no mundo da distancia, na certeza da ausência de tudo que traz desespero, ela pensava que isolada, nunca mais poderia sofrer, ou se preocupar com as obrigações que lhe eram impostas, oprimidas e nunca silenciadas pela simples necessidade dela, de respirar um pouco.

Longe de casa, dos amigos, das vozes e de tudo mais, ela olha o céu, o carro e o pássaro a voar.

Tudo a volta era paz, e silencio, o vento sopra a relva lhe parece acariciar as pernas.

Uma árvore lhe olha silenciosa, serena, séria. E ela pensa.

Porque nunca conseguimos silencio absoluto, nas vozes do coração? Porque nunca nos apartamos do que nos tira a paz, e nos esquecemos do que nos fez sofrer?

Porque o mundo e suas voltas, marxistas e avante ao progresso e ao desenvolvimento, não nos dá tempo de sermos nós?

Ele.

Tudo se embaça, o que parecia calma e paz se desfazem, e um grito de silenciosa saudade destrói o coração que sabe que nunca mais verá.

Como um animal fugido, que sabe o dia de seu adeus, ela saiu de casa, e não se preocupou em avisar, não se preocupou em despedir-se, deixa seu corpo sobre a relva de outono, da ultima tarde que sua alma jovem vivera.

Ela caiu sem dor, sem ar, sem ninguém, sem saber ao certo os motivos que a levaram tão perto de tudo que sonhara, e tão distante de tudo agora, por um tiro de socorro, em busca de uma paz que nunca tivera.

RiQue
Enviado por RiQue em 09/08/2009
Reeditado em 22/07/2012
Código do texto: T1744414
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