UM CONFLITO NO CÉU

Cissa e Celisse eram amigas. Moravam na mesma cidade; no mesmo bairro, ainda em formação, um tanto retirado do centro; na mesma rua. Um bairro tranqüilo. Uma rua gostosa de se morar. Gente amiga, cuja convivência simpática nada tinha a ver com as costumeiras intrigas e fofocas de bairro. Esse mal ainda não havia chegado lá. Todos saíam à rua no fim da tarde; e conversavam; e namoravam; e riam por sentirem-se bem.

Cissa morava a uma quadra, apenas, distante da casa da amiga. Isso facilitava as duas verem-se todos os dias. Ambas muito bonitas, eram o suspiro contido dos moços do bairro.

Dir-se-ia que a primeira era loira. Cabelos castanho claros, curtos; olhos grandes, castanho claros; pele branca, amorenada do sol. Jovem de seus dezenove anos, simpática e educada, linda, vista por qualquer ângulo. Era católica, religião tradicional em sua família. Iam todos os domingos pela manhã à igreja, assistir os santos ofícios da missa.

Não eram nem tão fanáticos, nem tanto carolas, mas nem por isso, desleixados. Via-se-lhes, no seu dia-a-dia, florescer nos atos e atitudes aquilo que entendiam por religião. Amigos sempre presentes quando se lhes necessitasse os seus préstimos, complacentes, solidários e condolentes. Um tanto profanos, quando a ocasião o exigisse. Regravam a vida nos moldes permissíveis numa sociedade em plena modernização de costumes na apoteose do XIX século, quando essa mesma sociedade e o próprio clero transige já tolerâncias tantas, que não as admitia a velha guarda das famílias, supostamente mais cristãs, de outras eras.

A segunda – Celisse – professava, como os pais, a seita dos homens da pastinha preta contendo partes selecionadas da bíblia. Eram evangélicos – crentes, na voz do povo. Esta sim, em companhia dos pais, irmãos e vizinhos, todos os dias de tarde, ia à igreja onde só o Senhor é Deus, ouvir estáticos seu pastor e levar-lhe o dízimo, para que com ele pudesse cumprir “suas obras de caridade”.

Ela, a Celisse, era uma das maravilhas do bairro, quiçá da cidade. Não fora ela “crente”, já teriam os sensacionalistas dela feito miss Brasil, com vistas a miss universo. Tez morena, rosto oval e bem formado. Um metro e oitenta, mais ou menos. Peso e medidas compatíveis com a altura. Seio proporcional, ereto. Coxas e pernas, em que o torneiro da natureza trabalhou o melhor que pode. Tudo isso escondido, mau grado à baba dos seus muitos admiradores, sob uma blusa hermeticamente fechada e uma saia caindo-lhe até em cima dos pés. Deixara de fora somente um par de mãozinhas delicadamente mimosas e os cabelos de um negro noturno, ondulando-lhe sobre as ancas. Os olhos grandes, hipnóticos, cujo verde esmeraldino saíam-lhe sob cílios compridos e recurvos como cascata de luzes.

Quando juntas, de seus lábios sedutores desciam riachos murmurando risinhos maliciosos; e conversavam muito. Falavam-se de seus segredinhos (grandes segredos, às vezes). E riam o tempo todo. Era hora de contarem-se o vai e vem dos seus namoradinhos; sua doce

aventura no mundo do amor; suas paixões e desejos ... e suas frustrações.

Muitas foram as vezes em que a Cissa tomou emprestado o carro do pai para, em companhia da amiga, rodarem sem destino prefixado, só pelo prazer de estarem juntas e com maior privacidade sonharem os anseios da vida, recém iniciada.

E foi numa dessas ocasiões que distanciaram-se do bairro. O trânsito no centro da cidade já não era toda essa tranqüilidade. Um pequeno descuido poderia ser-lhes fatal.

Exprimido entre outros, sua carruagem avançava lenta. Cissa, que se acostumara ao passeio tranqüilo das ruas do seu bairro, estava nervosa. Os cavalos eram mansos mas novos. Mordiam o freio com sinais evidentes de que também não estavam adaptados a esse tipo de trânsito. Queriam visitar o túmulo da vó de Celisse e, para consegui-lo, precisaram enfrentar o trânsito pesado de uma rua lateral e paralela ao centro. Freqüentes eram os acidentes naquela rua, no outro lado da cidade. Não tendo nunca dirigido naquela parte da cidade, nem reparou em um grupo de cavaleiros, um tanto abusados e evidente embriaguês, meio escondido entre árvores, que riam e faziam disparos para o alto por sentirem-se poderosos. Os cavalos dispararam sem controle, enroscando-se em outras viaturas, até que a carruagem tombou com estardalhaço e... o pior aconteceu. Para desespero das duas famílias; para pesar dos amigos e infortúnio dos admiradores, as duas jovens tiveram morte instantânea.

Morreram ambas nesse acidente, para nós seres humanos, estúpido e sem nexo. Desencarnaram instantaneamente, sem que disso se tivessem dado conta. Durante todo o trajeto haviam estado a rir a toa de seu próprio afortunado destino. Suas vidas desenrolavam-se em sorte, saúde, beleza e graça de Deus. Estavam felizes por terem, na terra, tão grande amizade, a qual impregnava-as de segurança e dava-lhes ainda maior amor pela vida e plena convicção de que estavam a vivê-la de conformidade com os desígnios de Jesus. E, assim, felizes, não sentiram a interrupção brusca e mordaz de suas existências terrenas.

Depois dos trâmites legais para liberação, foram os restos mortais das duas moças entregues às respectivas famílias. Enquanto os corpos estavam sendo pranteados pelos familiares, amigos, e pela sociedade de cujo meio foram arrancadas brutalmente as duas células tão vivas e copiosas em exuberância e vida, as almas, já sem o comando da matéria que lá em baixo ficara em início de putrefação, elevaram-se sobre nuvens, além da estratosfera, e ingressaram no espaço aéreo do mundo dos espíritos.

Ainda conversavam, cantavam e riam, sem nem ter notado a diferença do seu estado físico. Sentiam as almas leves como plumas a esvoaçar ao vento, assim levitando. Mas estavam entre jardins, em cujas flores adejavam as mais belas borboletas. Ávidas e maravilhadas, admiravam os encantos daquela parte da cidade onde, presumiam, estavam passeando. Caminharam. Novas e inéditas paisagens com requinte de detalhes de exuberante luxúria, descortinaram-se a seus olhos. Outras e ainda mais ricas paisagens sucedem-se vertiginosamente encantadoras até que, com grande espanto, deram-se conta de que

estavam diante do mais maravilhoso trono que jamais pudessem imaginar quando descrito nos romances que leram e que era, em sua idade, a

literatura preferida. O Homem que estava sentado sobre esse trono de luz, logo o reconheceram por seu trajar típico – era um Rei.

Nada entenderam dessa sultana aparição, pois, em tempos em que é mais fácil encontrar um traficante de drogas do que um cristão, logo encontrar um rei? Não! Certamente que era uma miragem ou o destino pregara uma grande peça à sua ingenuidade. Mas Ele falou. Sua voz era mansa e cheia de compreensão.

- Não tenhais medo. Aproximai-vos e não tendes espanto em vos achardes na Minha presença.

As duas, pasmas, ainda continuaram sem acreditar na grande transformação, aliás, na monumental cilada que lhes armara o destino. Mas, assim mesmo nada se lhes afigurava tão divertido e tão nitidamente real como haver, dentro da sua própria cidade, da qual não conheciam muitos detalhes, um lugar lindo como aquele. Pouco se importaram em saber se era teatro ou realidade. Mal olharam para seu rosto, as duas meninas coraram de emoção. Aquele homem másculo, lindo, exuberantemente personal e elegantemente trajado segundo os costumes celestiais, que as recebeu com seu doce sorriso, estava ali e as duas não conseguiam tirar os olhos do seu rosto.

Após cientização do seu estado atual, que em nada as surpreendeu, foi-lhes indicado um espaço para que repousassem da grande viagem. Necessária se fez rigorosa aclimatação aos novos costumes e fuso horário; aos novos meios de comunicação e às novas vestes e, contudo, difícil foi descobrir a verdadeira posição dentro da realidade atual. Depois de descansadas e higienizadas, um espírito amigo as levou a uma janela, donde, lá na terra se lhes descortinou, como se fosse numa grande tela, o seu próprio velório. Seus corpos mutilados pelo acidente lá estavam e seus familiares debulhados em prantos. Só então as moças começaram a entender verdadeiramente o lugar em que estavam. Mas sem grande espanto aceitaram o seu novo estado espiritual, mesmo porque, não se sentiam diferentes que em sua vida anterior na terra. Também – pensavam elas – com aquele homem lindo que as recebeu tão afavelmente, por perto, qualquer moça quereria morrer.

As duas inseparáveis amigas continuaram conversando normalmente. Falaram de suas novas vertes, tentando descobrir de que tecido eram feitas; da estranha luz que delas emanava. De todo o mais, tão diferente do que na terra. O cenário que encontraram no caminho de vinda ainda lhes dançava na mente. Mal puderam crer no que viram. Mas não ligaram para a realidade daquilo que lhes parecia irreal – a morte.

Agora a conversa era sobre aquele moço tão fofo que as recebera quando chegaram e com um sorriso amigo no rosto.

- Você faz idéia de quem pode ser ele?

- Então não descobriu ainda quem é? Pois esse é Jesus, de quem o meu pastor sempre falou.

- Ele, Jesus? Não posso crer! Mas seja quem for, vou dar um jeito de namorá-lo.

- Cissa - disse a outra, grave e séria - por mais amigas que tenhamos sido na terra, esse homem vai ser meu.

- Tenha paciência, Celisse. Até hoje você teve sempre os homens todos a seus pés. Sempre foi mais bonita que eu. Ao menos aqui no céu deixe ele pra mim, suplicou ela.

- Não vamos mais discutir. Para que estarmos perdendo tempo? Portanto, mãos à obra e olhos Nele. Quem O conquistar primeiro, fica com Ele. Combinado?

A partir daquele dia as duas “jogaram “ todo o seu charme e as flechadas do cupido. Todos os recursos permissíveis no ritual da conquista fora utilizados. Passado algum tempo um anjo graduado chamou as duas jovens para seu gabinete.

- De uns tempos para cá – falou - noto que as duas meninas estão empenhadas na conquista amorosa do meu Senhor. Digo-vos que isso é possível. Há, porém, uma exigência.

- Meu bom anjo, disse ansiosamente Celisse. Diga-nos qual é essa exigência e lhe seremos gratas eternamente.

- A norma exigida é encarnar novamente e prepara-se segundo a lei.

- E onde está escrita essa lei, perguntou-lhe Cissa.

- Depois da reencarnação saberão o que fazer – disse o anjo simplesmente, dando por encerrada a audiência. Deu algumas ordens e mandou que as moças seguissem seus espíritos-guia.

Em poucos dias Cissa e Celisse receberam ordens para reencarnar. E assim se fez.

Cumprida a exigência, as duas cresceram viçosas e lindas. O fato curioso foi que houve inversão nas suas crenças. Cissa nasceu de uma família de evangélicos. Celisse, por sua vez, foi batizada segundo a Igreja católica. Quando alcançaram a idade adulta, ambas tornaram-se mulheres, ainda que sensuais e atraentes, de um caráter firme, sem grandes simpatias para imperfeição. Haviam aprendido guardar um comportamento exemplar. Seja por intuição ou por qualquer outra razão, não o souberam nunca, mas ambas tinham segura religiosidade e dedicação inabalável ao próximo. Enquanto Cissa gastava sapatos e mais sapatos nas suas caminhadas à igreja, Celisse entrou num convento e se fez freira.

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Irmã Cláudia trabalhava em um grande hospital. Desde a infância condoera-se com os doentes. Achava que a vida já por si só era tão difícil para algumas pessoas e havia mais as doenças para torná-la ainda mais desalentadora. Mas enquanto crescia foi entendendo que as durezas da existência serviam como que para uma expiação para os males da alma. E, foi assim que, quando começou a trabalhar, dedicou-se inteiramente aos doentes. Por sua escolha cuidou, ano após ano, aqueles seres humanos portadores de males letais. E foi na ala de oncologia que encontrara sua missão. Pequenina e raquítica, todos perguntavam-se de onde lhe provinha tanta força e determinação, bondade e carinho para com os seus doentes. Por sua vez eles, nos seus derradeiros momentos de vida e de dor, encontravam na dedicação e no amor da freirinha, força, coragem e a conformação frente a este destino cruel, de que o cuidado da ciência humana já os não capacitava.

Enquanto suas colegas de trabalho, nas suas folgas intermitentes, reuniam-se no posto médico da sua ala para fofocar as novidades do dia, ela, caridosamente, passava as noites consolando seus pacientes de leito em leito.

Foi numa dessas vezes, avançadas horas da madrugada, que em determinado leito ouviu-se o sussurro de um diálogo. Era uma menina recebendo a visita de Irmã Cláudia. Tinha ela no máximo dez aninhos e já a doença ceifava sua vida. Segundo o diagnóstico médico resistiria ao mal não mais que por uma semana. Por isso era a ela que a freirinha enfermeira dedicava maior carinho. Sofria com as dores da menina, que não fora criança por causa do seu mal, muito menos viveria sua adolescência.

- Irmã, será possível que, nem na terra, nem no céu, há cura para a minha doença?

- Se o bom Deus assim o permitir você vai se livrar dessas dores e seu corpo será curado - disse a boa mulher. Por isso Ele lhe destinou uma alminha tão pura e inocente, acrescentou ela, afagando a cabecinha da menina, já sem cabelos por força do exaustivo tratamento.

E a doentinha adormeceu placidamente. Seus sonhos povoaram-se de anjos que cantavam louvores ao Criador.

Aquela menina gravou bem fundo em sua alminha as palavras da bondosa freira. E foi recuperando-se a olhos vistos. Os médicos, estupefatos, não souberam a que atribuir tanta melhora no quadro clínico daquela enferma em estado terminal. Após alguns dias ela recebeu alta. Em companhia dos pais, muito felizes, foi embora para sua casa. Ao contrário de alegrar-se com sua melhora e possível cura, ela estava muito triste. Soubera no corredor que, naquela noite, falecera sua amiga, a velha, miúda, enrugada e bondosa Irmã Cláudia.

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Dona Stela, septuagenária, de porte físico avantajado, era uma mulher sadia. Nem se via nela os vincos da idade. Apesar de ter viuvado, havia de fazer uns dez anos, não se dava por vencida pela idade. Encontrava nos seus três filhos, nos netos e amigos, alento para viver uma vida alegre. De um hábito adquirido desde menina, não declinava – o de ir diariamente à igreja orar para que Jesus lhe concedesse saúde aqui na terra e um coração justo e bondoso para morrer, quando chegasse a hora, na graça do Senhor.

Fosse a trinta anos atrás até que se permitiria um novo casamento. Era de seu pensamento que a solidão mata mais que a própria doença. Não necessariamente o corpo mas, segundo sua convicção, a solidão maltrata e mata a mente de idosos e não idosos. Porém, para que jamais fosse sofrer de tal mal, após os traumas naturais da viuvez, ingressara num desses grupos de idosos da sua cidade. Encontrara na companhia de outros idosos mais uma razão para viver com alegria. Novas amizades, novas tarefas e novos folguedos encontrou no seio dessa irmandade, de que nem sequer imaginava ainda pudesse desfrutar.

E, assim, dona Stela foi vivendo tranqüila seus últimos anos de vida terrena. Nenhuma doença grave a acometera até então, até que, em

certa manhã de primavera, encontraram-na, serena e com a felicidade estampada em seu rosto, do jeito como fora sua existência, sem vida na cama. Adormecera para não mais acordar para este mundo.

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Lá estava ela, novamente jovem e bonita, trajando seu hábito de gala, a freirinha, Ir. Cláudia. Caminhava, repensando suas vidas passadas, pelos jardins da eternidade. Houvera, dias antes, sofrido um fulminante enfarto do miocárdio e desencarnara. Por certo, pensava ela, já havia cumprido sua missão, que consistia na preparação de sua própria alma, na terra. Poderia agora entregar-se livremente à segunda parte do seu projeto inicial – conquistar a inteira simpatia do moço do trono, Jesus. Ser-lhe-ia mais fácil, agora. Na qualidade de “noiva” Dele, todas as prerrogativas haviam sido cumpridas.

Ainda assim meditando, veio-lhe a sã consciência de agradecer ao bom anjo que lhe indicara o caminho certo para que tal pudesse acontecer. Querido dele – exultou-se ela. Bem diferente das pessoas lá da terra, que só haviam tentado desviá-la do caminho do convento. Mas conseguira ser forte e, ali estava o fruto da sua tenacidade. Amava Jesus e lhe era grata imensamente por ter permitido que tudo acontecesse segundo seus desejos.

Levantou os olhos pressentindo a aproximação de alguém. Havia ali canteiros novos. As flores recém plantadas pelo jardineiro, o bom e feliz velhinho de barbas e cabelos brancos, abundantes, com um eterno sorriso de felicidade no rosto sereno e amigo, floresciam matizadas e pujantes. Qual não foi sua agradável surpresa ao ver sua amiga de várias infâncias terrenas vindo em sua direção. Desde que ela fora para o convento nunca mais a vira.

Stela, que coincidentemente desencarnara naqueles dias, aí estava de braços abertos para abraça-las. O encontro foi de alegrias efusivas. Agora ali sentadas num banquinho daquele jardim maravilhosamente florido, contaram uma à outra as peripécias de sua última vida terrena.

- Que bom – dizia Irmã Cláudia – estarmos juntas novamente. Lembra do bom anjo que nos orientou para que pudéssemos ambas dar cumprimento à nossa missão de conquistarmos o céu? Pois aqui estamos, lúcidas e felizes. E, em seguida falou-lhe da permissão de Jesus em que ela desfrutasse de sua adorável companhia.

– Não quero que veia nisso uma competição. A minha missão consistia em conquistar o direito de ficar junto Dele ... e eu o consegui e estou muito feliz. Convido-a a fazer parte da nossa casa, aceita?

- Irmã Cláudia, parece até golpe baixo o fato de você ter se tornado freira para ficar com Ele. Mas o aceito como inteligência piedosa da sua parte e nenhum ressentimento cabe num coração cheio de alegria por privar da luz de Deus em Sua própria casa. Vamos, juntas, fazer parte dessa grande família espiritual e, tenho certeza, seremos felizes por todos os séculos dos séculos. AMÉM.

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Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 24/08/2009
Código do texto: T1771333
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