Espera
Isidoro Machado
Os olhos estavam semi-cerrados. Os lábios não emitiam qualquer som. Não conseguia mover os braços, e as pernas, nem sequer as sentia. Estava em estado terminal. Questão de horas; de minutos, talvez.
Há muito que padecia de terrível doença. Não mais agüentava. Queria ir. Só seus olhos tentavam permanecer abertos, como se esperassem algo.
De repente escutou o som que tanto queria, e o cheiro que tanto ansiava. Como se uma corrente elétrica a atingisse, e enchesse de energia, todo o seu corpo pareceu reavivar. Os olhos se abriram e um sorriso lhe aflorou à face.
Suas mãos, como que numa mágica, se abriram num abraço, onde um pequenino corpo se aninhou. Beijou-lhe o rosto e então seus olhos não mais se fecharam, e de sua face o sorriso não mais se apagou.
Assim, com Deus, ela se foi.