Pata de Elefante

- Pô Paçoca...

- O quê, Betinho?

- Tu só faz cagada, mano.

- Qual é o grilo?

- Paçoca, faz essa porra certa, maluco.

- Tô fazendo, desencana aí meu.

- Tá fazendo o caramba, tâmo aqui ferrado e ocê aí de zuera.

- Pô, Betinho, foi mal, é que tô nervoso com essa parada, mano.

- Também tô nervoso, mais presta atenção, porra.

- Salve, Betinho. Salve, Paçoca. Belê?

- Salve aí, Marcão.

- Qual é Paçoca, tu não vai me dá um salve, mano?

- Salve, Marcão...

- Betinho, qual é a do Paçoca? O cara tá grilado meu.

- O lance é que essa besta do Paçoca não faz nada certo, o cara é burro pra porra...

- Pô, Betinho, não fala assim de mim não, você é meu mano cara...

- Tô ligado, ocê também é meu mano, mais tu é burro cara...

- Ei, ei, que isso?... Os dois brigando. Parece criança, maluco. Tu sempre foi cabeça fria, Betinho.

- Pois é Marcão, mais tá foda cara.

- Tá foda o quê, Betinho? Fala ai, ocêis são meus truta, mano.

- Não sei não, Marcão... A parada é muito doida, véio.

- Então para de embaçar maluco! Conta logo essa porra.

- E aí, Paçoca, o que tu acha?

- Por mim, tranquilo, tá limpo.

- Marcão, cê tá ligado que esse assunto morre aqui né, meu?

- Puta que pariu Betinho, não sô X9 não...

- Eu sei cara, mais é... enfim, tu entendeu, num entendeu?

- Entendi,... mais aí, na boa, vô dá uma opinião pro cêis...

- Qual é agora, Marcão?

- Betinho, é só sobre o tamanho, oceis deviam aumenta, tá muito pequeno...

- Marcão é o seguinte, se tu acha que não tá bom, pega a parada ai e ajuda em vez de ficar botando defeito, porra.

- Ui,! Aí, Betinho, o Paçoca tá pensando que é gente... Vou quebrar a cara desse otário!

- Pô, Marcão, calma ai! Num vai quebrar a cara do Paçoca não, tá ligado?

- Pô, Betinho. O cara tá me tirano, mano.

- Porra, Paçoca, perdeu a noção do perigo?. Agente tem que terminar logo essa parada e tu fica ai arranjando briga, mano? Pede desculpa ai pro cara, maluco.

- Foi mal ai, Marcão...

- Foi mal o caralho, fica na sua. Mas conta aí o que aconteceu Betinho.

- Eu e o Paçoca tava assim, meio que sem grana, tá ligado, aí inventamos de assaltar os carro nas avenida, eles paravam no semáforo, e aí a gente ia até carro, batia no vidro e dizia que era um assalto e os que não abaixavam o vidro a gente quebrava mesmo. De um tempo pra cá maluco, começou essa frescura de vidro blindado, e aí os cara foi perdendo o medo, e eu e o Paçoca não conseguia mais grana pra compra uma comida firmeza, tá ligado. Um dia o Paçoca tava no semáforo e apareceu esse cara, e o vidro do carro dele era blindado, e o Paçoca se aproximou, o cara olhou mostrou o dedo do meio pro meu mano e saiu vazado. Eu tava de lado vendo e consegui anotá a placa do carro, não é Paçoca?

- É isso mesmo, anotamo a placa do cara e descobrimo onde ele morava e tudo mais, termina aí de conta Betinho, que eu vô dá uma cagada.

- Pois é, descobrimo onde o cara morava, trabalhava, pelo jeito, era daqueles cara que só vivia pra ele mesmo, descobrimo que ele nunca se caso, e que tinha 58 anos, só trabalhava, num curtia a vida, nunca fez nada de errado, um otário, tá ligado, todo certinho,.....

- Pra mim o cara tava mais pra boiola, Betinho....

- Pô, Paçoca, tu comeu carniça? Fecha essa porta e fica quieto... - Então como eu ia dizendo, um cara todo certinho, e o dia que ele resolveu fazer alguma loucura, foi justo com a gente, fazê o que, nóis num podia deixa barato. Fomo até a casa dele e roubamo tudo o que ele tinha de valor...

- O que eu mais gostei foi do video game que o cara tinha, irado...

- Cala a boca, Paçoca.

- Desculpa aí...

- Eu num falo que o cara é burro, tanta coisa de valor e ele foi se interessar pelo video game.

- Num foi só por isso que eu me interessei não.

- Ah, não?

- Não... Tamém adorei a coleção de carrinhos que ele tinha, é muito bom brincar de carrinho...

- Paçoca, não atrapalha, porra! Deixa o Betinho terminar... Coleção de carrinhos, fala sério.

- Posso continuar, posso?...Então calem a boca, seus idiotas... Bom como eu já disse, roubamos tudo e o cara chegou e não tinha mais nada, tava tudo revirado, demo uma semana de sossego pra ele. Quando o dinheiro acabou, decidimo ir esperar ele no trabalho, quando ele saiu, a gente tava encostado no carro dele, pedimo a chave e mandamo ele entra no carro, o cara começou a soar frio. Vi que o cara num tava bem, pedi dinheiro, se não nóis ia mata ele, fomo até o banco, ele sacou o dinheiro e entregou pra gente, memo assim mandamo ele entrar no carro, na metade do caminho nóis percebeu, que ele nem se mexia, quando fomo vê, num é que o cara teve um ataque cardíaco e morreu, o filho da mãe nem me deu o gosto de metê uma bala na cara dele, maluco. O pior é que nóis num matamo ele, ainda tivemo que da um sumiço no carro e tamo tendo trabalho com essa porra desse corpo grande e gordo...

- Pronto, Betinho, agora acho que cabe o corpo no buraco. O que tu acha, Paçoca?

- Pô, Marcão, valeu.

- Agora vamo joga essa porra aí dentro, tampá e depois toma uma cerveja, que a gente merece, num é Betinho?

- Pô, já é...

Juliana AP Mendes
Enviado por Juliana AP Mendes em 19/10/2009
Código do texto: T1875837
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