DONAS DE CASA

Rogério e eu nos conhecemos na faculdade, éramos da turma de biologia. Meu sonho era ser bióloga, viajar pelo mundo, andar no mato, pesquisar a vida dos animais, e Rogério queria apenas se especializar nessa área, mas não deixava de me dar força para que eu continuasse em frente.

Nós ficávamos sempre juntos, fazíamos os trabalhos juntos, e um dia ele chegou até mim e se declarou, fiquei um pouco surpresa confesso, mas já esperava, só não imaginava que ele teria coragem para isso.

Depois me pediu em namoro, no começo até dei uma de difícil, mas depois me rendi totalmente àquele amor. Era lindo, sabe? Não queríamos ficar longe um do outro, e agora... Assim que terminamos a faculdade, ele me pediu em casamento e acabei aceitando.

- Mãe, cadê minha camisa?

- Está no seu guarda roupa. Parece que ninguém consegue fazer nada sem me chamar...

- Quantos anos seu filho tem mesmo, Silvia? Desde que saímos da faculdade, não nos vimos mais, vocês se casaram e mudaram pra cá.

- Já fez dez anos, Malu. Eu senti muito a sua falta, conversar por telefone não é a mesma coisa.

- Também senti a sua falta, amiga, e olha seu filho está um rapagão...

- É, ele puxou ao pai, só espero que ele não puxe a ignorância...

- Silvia! Eu já não falei para você não por a mão nas minhas coisas, tirou tudo do lugar não estou achando nada. Você só faz coisa errada, sua burra.

- Vai se ferrar, seu estúpido!

- Vai você, sua ignorante!

- Gente, eu acho melhor ir embora, depois conversamos, Silvia...

- Não, espera Malu, desculpa. Você viu como está o clima aqui em casa? Estamos parecendo cão e gato, não está dando mais.

- Por que vocês não se separam, Silvia? Não sei como você consegue viver assim.

- Já pedi a separação, mais ele disse que não vai dar esse gosto para mim.

- Mas, você tem algum pretendente?

- Não, ele está é com ciúmes, não quer que eu me case de novo, acho que ele pensa que se nos separarmos, eu vou logo arrumar outro homem, mais se a separação acontecer, o que eu vou querer mesmo é distância de homem, por um bom tempo.

- Silvia, esse casamento vai acabar mal...

- Eu sei, mais o quê fazer? Queria que ele se apaixonasse por outra, assim me daria a separação.

- Apresente alguém á ele.

- Não adianta, ele parece estar cego para qualquer outra mulher que não seja eu, que sirvo apenas para ele xingar.

- E se você pagasse para uma mulher o conquistar?...

- Esquece.

- Nossa...

- O quê foi, Malu?

- Tenho que ir, Silvia, estou atrasada, tenho uma consulta marcada pra daqui meia hora, depois volto pra gente conversar mais, tchau querida.

- Tchau...

Malu foi embora, e voltei a rotina de sempre, limpar a casa, lavar roupa, fazer comida, tudo o que uma dona de casa faz, e que ninguém da valor, um dia acabo cansando de tudo isso, e quando esse dia chegar não sei nem o que posso fazer, prefiro não pensar nisso.

- A janta ainda não está pronta?

- Rogério, espera um pouco, estou terminando...

- Se não ficasse o dia inteiro fofocando, já estaria tudo pronto...

- Não me torra a paciência, você quase nem fica em casa, e quando chega, só sabe é me xingar.

- Eu trabalho pra por comida dentro desta casa, já não está bom?

- Não. Ser marido não é só isso, é também dar atenção pra família, pra mim, coisa que você já não faz há anos.

- Eu chego cansado, com sono, e você fica me enchendo com esse papo...

- Quando o assunto é família, você pula fora, nem parece aquele cara apaixonado e tímido que conheci...

- Aquele cara morreu, deixei de ser idiota...

- Mais continua um panaca, um imbecil, como sempre.

- Não dá pra conversar com você numa boa, sua idiota, você não presta pra nada mesmo, some da minha frente.

Cansada de tanto ouvir desaforos fui para o meu quarto, as vezes dava graças a Deus por dormirmos separados, assim eu podia pensar sobre a minha vida, descansar a minha cabeça, e com ele no quarto eu não poderia fazer isso. No dia seguinte, Malu veio até minha casa novamente, e conversamos um tempão, desabafei, chorei, e ela para me alegrar um pouco me levou para dar uma volta no shopping, coisa que há tempos não fazia. Me diverti, esqueci um pouco os problemas, depois ela voltou para casa comigo.

- Silvia, o quê você acha da gente sair amanhã de novo? Podemos ir em outros lugares.

- Malu, só você mesmo pra me fazer esquecer de tudo. Seria ótimo, quero aproveitar um pouco a vida.

- Então, amanhã no mesmo horário eu passo aqui pra te pegar, mais agora eu preciso ir, que daqui a pouco o meu marido também vai chegar do trabalho, e você sabe, tem que me encontrar em casa, se não, o bicho pega também. Até amanhã, amiga.

- Até...

Rogério chegou do trabalho, e como sempre estressado, reclamando de tudo. Cada vez que ele abria a boca para gritar, minha cabeça latejava, e aquilo foi subindo, subindo, e estávamos só nós dois em casa, Gabriel, o nosso filho estava na vizinha, onde eu sempre o mandava quando saia briga , para que ele não visse aquilo tudo.

Eu estava na cozinha fazendo a comida, e Rogério tomando banho e me xingando...

- Sua vagabunda. Onde eu estava com a cabeça, quando te pedi em casamento?

- E se você soubesse, o quanto eu me arrependo de ter aceitado seu pedido, você não tem nem idéia, Rogério. Você estragou tudo.

- Agora a culpa é minha? Eu chego em casa, com fome, e a comida não está pronta, quero descansar, e você vem com esse papo de dar atenção pra família, pra você, ah, faça-me o favor, né.

Não agüentei, o sangue ferveu. Peguei uma panela e fui até o banheiro, abri a porta devagar, ele estava lavando os cabelos de olhos fechados, aproveitei e bati com a panela na cabeça dele, caiu no chão desmaiado, achei que tivesse morrido, mas o desgraçado ainda respirava, arrastei-o até a uma cadeira e o amordacei, amarrei os seus pés, suas mãos e esperei ele acordar...

- Oi Rogério, meu amor, você está confortável? Gostou do que preparei para você? Vai gostar mais ainda quando terminar, mais não se preocupe, vou bem devagar, eu prometo que não vai doer, tá bom?

Aquela sensação de poder era muito boa, eu via o quanto ele estava assustado, e aquilo me excitava. Fui até a cozinha, abri a gaveta do armário, e peguei a maior faca que tinha lá, quando voltei os olhos dele se arregalaram, parecia duas jabuticabas enormes, ele começou a tremer e a soar frio.

- O quê foi, meu amor? Há, deve ser a faca, desculpa, não queria te assustar.

Comecei pelos dedos da mão, cortei todos bem devagar...

- Olha, você fez xixi na calça, Rogério, porquê não disse que estava apertado? Esqueci... Você não pode falar, está amordaçado. Agora você vai ter que ficar assim, molhado.

Ele tentava se espernear de dor, mais não conseguia, estava todo amarrado e aquilo me dava prazer, quanto mais ele tentava mais eu o cortava.

- Quem é a vagabunda agora, me fala, quem é a idiota, hã? Isso é pouco por todos os anos que passei ao seu lado, sofrendo humilhações, eu sentia as mesmas dores, mais pensa pelo lado positivo, você só vai sentir uma vez.

Cortei uma das orelhas, ele gemia de dor, o sangue escorria pelo seu pescoço.

- Ups, foi sem querer, agora vou ter que tirar a outra para ficar igual, não se preocupe, a gente dá um jeito.

Cortei também a outra orelha, e ele gemia mais ainda, e o sangue...

- Ô meu amor, seu pescoço está todo sujo, vou pegar um pano para limpar, tá? Não gosto de te ver assim, e se outra pessoa te ver sujo, vai pensar que não cuido bem de você, quero que eles vejam que sou uma ótima esposa.

Quando vi que ele já não estava mais agüentando, me apressei em fazer a última coisa, para que ele visse antes de morrer, peguei o seu pinto, mole, e não hesitei, passei a faca e o cortei fora...

- Olha aqui, seu escroto, tá vendo isso? Nunca prestou pra nada, estava sempre murcho, e quando uma coisa não presta, a gente tem que jogar fora não é?

Ele parecia estar esperando eu terminar, para depois, finalmente, morrer. Peguei o seu corpo, cortei em mais pedaços e enfiei dentro de sacos de lixo, e fui até a rua colocar na lixeira, entrei em casa e senti um alívio no peito, me senti tão leve, livre...

- Silvia!!! Mas que droga, você ainda não pegou minha roupa!? Vou congelar nesse banheiro!

- Já tô indo, amor.

É... É hora de voltar a realidade, e parar de sonhar...

Juliana AP Mendes
Enviado por Juliana AP Mendes em 03/11/2009
Código do texto: T1903401
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