UM DIA DIFERENTE...

Não deve ser programado. Esse dia, um dia, simplesmente acontece. Pode acontecer no inverno, na primavera, no outono, esse aconteceu no verão: um dia diferente dos outros. O barulho do motor não incomodou. O pequeno barco deslizou suavemente no caudaloso rio. As praias fluviais a perder de vista, infinitas. Instintivamente foi escolhida uma pequena ilha de areias finas esbranquiçadas que, contrastava com o verde da floresta tropical, onde depreendia um aroma luxuriante. O canto dos pássaros produzia uma melodia instigante. Sentamos-nos. A mesa com um grande chapéu de palha, proteção do calor escaldante. Os pés afundavam nas camadas de areias até encontrar uma que estava fria. Olhares ternos. Até aquele momento nenhuma palavra foi dita. Os corpos se comunicavam e reciprocamente se entendiam. Dois coquetéis de frutas servidos na fruta abacaxi. Falou-se harmoniosamente de tudo um pouco. O som das pequenas ondas convidava para o banho. Ah! Que delícia. Cada parte da roupa quando despia, desnudava os encantos das curvas femininas. Dois pequenos retalhos restaram, ocultou próximo aos picos dos montanhosos seios e o exuberante “paraíso”. Saiu correndo, pulou, pulou e mergulhou nas águas cor de mel. Convite tentador. Não tardou. Pele roçando pele, beijos demorados, cabelos arrepiados, múltiplos desejos... Ah! Se naquele instante não faltasse a redoma do isolamento. Chegou a vontade de comer. Coitados daqueles camarões assados no espeto supriram nossa precisão de alimento, estavam perfeitos. Mais dois coquetéis de frutas servidos na fruta abacaxi.

A tarde chegou e com ela a vontade de um passeio: necessidade de desvendar a pequena ilha. Todos os segredos. Embrenhados no mato. Encontrado uma península de areias ainda mais brancas e finas. Um panorama deslumbrante despontou diante dos olhos. Em silêncio a mão tocou na do outro. O recado foi dado. Volumosas nuvens negras repentinamente se formaram, ofuscando o intenso brilho solar. Pingos graúdos caíram. O refúgio foram as águas do rio que agora eram mornas. Tão aconchegantes que os pequenos pedaços de retalhos sumiram. As pupilas ressaltavam os olhos avermelhados, suplicando prazer. Rituais diversos foram experimentados. Horas se passaram. A chuva parou. O sol reapareceu rapidamente e anunciou a chegada crepuscular. O leito de areia fina, convite tentador. Descobriu-se uma inédita fórmula de amor: ruídos, gente por perto (os fantasmas daquele dia), aproximação (o corpo masculino formou a proteção da nudez feminina), passaram por cima dos corpos nus, deixando cair grãos de areia. Tudo se completou. Nada conseguiu quebrar aquele encanto. Sorrisos radiantes quando chegam lembranças daqueles momentos fascinantes. Ah! Que dia diferente.