O tempo...

Caminhava, sem rumo na auto-estrada, pensamento solto na atmosfera, tentando não recordar, de um fato transcorrido que me machucou, ainda lembro-me dela, Chiquinha formosa, menina bela, de cabelos negros olhos verdejantes, ingrata jurara paixão, apalavrado comigo um amor eterno.

O curioso que ela, beijava-me sempre do mesmo jeito, lento, sem gosto, mas com um desejo, quase engolindo minha língua, meu coração batia no mesmo ritmo, três por quatro, apaixonado, não ligava, só queria sentir; aquele corpo, aquele beijo, a fúria daquela atração fazendo pressão em mim.

Ah! Chiquinha, o que fizeste de meus sonhos? Perturbou minha promessa de celibato. Ainda menino novo, mamãe me prometera à Santa igreja Católica, queria ver-me eclesiástico, dizia que seria sua altanaria na cidade.

Então você surgiu, na minha candura, logo me deixei levar por sua malicia, que eu não sabia de onde vinha. Para muitos seria eu, apenas mais um, no seu destino, porém para mim é única no meu coração, o princípio, meio e até agora sem fim. Mamãe não suportou, quase teve um troço, ao, me ver desbaldando de seus lábios e abraços, não quisera acreditar no que seus lhos viam.

Papai soltou uma caixa de foguetes, na verdade foi um só, quando soube, pelas próprias matraqueiras da cidade que parecia um jornal de fofoca, da nossa formicação. Estas ações me desnortearam de tal forma, que agora me encontro, sem direção na passagem da vida, arrependido nunca, frustrado talvez, sequioso do néctar seu.

Minhas primas me recriminaram, meus sobrinhos, riram de mim, meu avô e minha vovó, devem ter revirado dentro do caixão lá no cemitério, um vibrando outro cobrando meus votos castidade.

As imagens na minha mente iam e vinha com ela, Chiquinha na tela, fazendo todo o trajeto, eu fui pensando em falar:

- Apesar da diferencia de nossas idades, e pelo que você fez comigo, o prudente seria você me assumir, em matrimonio.

- Ah! Ginásio, ela não quis nem ouvir meus argumentos.

- Mas, você tentou pelo menos.

- Sim tentei, ela disse que uma diferença de trinta anos é muita e minha família não aceitaria.

- E você? O que pensa fazer?

- Nada! Além de esperar.

- Olha meu amigo na nossa idade, o melhor que a gente faz é esperar. O tempo se encarrega de tudo...

valdison compositor
Enviado por valdison compositor em 17/11/2009
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