Fosse uma vez...

"Não sabia bem o que fazer, então começou assim."

'Fosse uma vez... '

"Poderia ter tido todas as oportunidades do mundo, mas preferi assassinar meus sonhos e ficar com você..."-Lembro-me da expressão vaga de censura e raiva de seus olhos brandos de fogo para mim, mas ao mesmo tempo era delicada, e frágil, de modo que nunca vi... Desejei naquele momento nunca ter existido,e lamentado não ter morrido.Desejei que nunca tivesse conhecido ele,naquele bosque aonde morei,desejei que nunca tivesse ao menos olhado aos seus olhos,mas tudo aquilo foi de um ultraje imediato,que minhas suplicias,não passaram,de gritos e berros ao vento.Um ardor desceu em minha garganta e desceu aos meus lábios.Bem,não teria a resposta porque,mas saberia afirmar que era de raiva,angustia,medo.Fosse uma vez de dizer adeus a ele,no anoitecer.Fosse uma vez,de afirmar que o amava de um modo obscuro,mas ainda o amava...Fosse uma vez de gritar,o que sentia,e parar de esconder,que eu temia ser descoberto.

Eu relutava ligar para seu numero, mas o telefone era mudo, parecia não discar, ou chamar... "Será que eu paguei a conta?",foi a pergunta mais sábia a se fazer.Será que somente uma discussão boba faria todo aquele mal?!Estava decidida a ir a sua casa, pedir explicações, mas da onde tiraria fôlego, para perguntar a ele, o porquê de tudo isso?

Cheguei a sua casa, e respirei fundo, aspirem ao Maximo de ar possível, e depois cheguei perto do interruptor da campainha. Mas ouvi ruídos,de lamentações as quais não entendia o porque.A família estava em luto,decidi adiar.Fui para a escola,também em luto a alguém que eu mal saberá quem era,mas tinha que respeitar.Jornais e revistas com imagens de catástrofes,mas eu mal me importava,pois não era comigo.Me cansei,e a exaustidão me dominava.Me deitei em minha cama,tentei dormir,mas minha cabeça latejava muito,fui atrás de remédios,mas não sabia se era o sono,ou se o meu armário realmente estava vazio.Tentei falar com alguma de minhas amigas para relatar o que estava acontecendo,as estranhas coisas dos últimos dias,mas nenhuma atendia meus telefonemas.Estava me cansando de tanta abstinência.Minha cabeça rodando,todos me evitando,achei que me tornara um monstro e nem sabia disso.Tentei ligar a TV,mas parecia que realmente tinha esquecido de pagar a conta de luz.

Sério. Quem de tanta importância morreria e todos dariam atenção?!Desisti de meus propósitos e fui atrás daquele garoto que tanto amava. Percebi que estava com a mesma roupa por dias,mas não consegui acha uma malha para usar,talvez na casa dele,tenha alguma.Cheguei,bati,insisti,mas vi que algo de estranho ocorreu.Minha pele tão translúcida.Desde quando tinha perdido aquele bronzeado?!Meus pés, tão cheios de lama, pareciam que tinha ido a um chiqueiro e nem tinha visto. Meu lábios,tão gélidos e flácidos,porque tudo isso comigo?Fui ao espelho antes próximo, mas não via meu reflexo. Senti uma dormência em minhas língua,e um nó em minha garganta...Não conseguia estabilizar meus sentidos,estava tonta...Ou será MORTA?

Vi tudo com exatidão, os olhos esbugalhados ao chão, e então mais nada, são lembranças ofuscadas, de uma agressão dentro do carro dele, um chute na costela-costela relatava a dificuldade de respirar-, depois caminhei na terra molhada, pois estava chovendo-resultando nas manchas no meu tênis-, depois eu amarrada numa cadeira, sendo estrangulada, afogada, amordaçada... Eu quase cai para trás....como pode?!..Eu. ele...éramos um só..mas agora éramos a mesma coisa que nada!Minha garganta se fechava, enquanto eu resultava “Será que eu ainda tenho pulmões ou sequer sangue para fechar minha garganta?” Tentava refletir, com o rosto nos joelhos, encostada na cabeceira do sofá na varanda da casa dele, enquanto eu entendia o motivo daquela singela expressão. quando Ted já tinha ocorrido,ele simplesmente disse que foi um assalto,e que eu reagi e assim morri.

"Fosse uma vez que eu podia respirar...

Fosse uma vez que eu podia cantar...

Fosse uma vez que podia andar...

“Fosse uma vez que eu podia viver...”

E assim, acaba um relato de tudo o que uma alma em plenos distúrbios busca enquanto ainda acha que é vivo!

Vampiresca
Enviado por Vampiresca em 29/11/2009
Código do texto: T1950081
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.