"O HOMEM HONESTO" Conto de: Flávio Cavalcante

O HOMEM HONESTO

Conto de:

Flávio Cavalcante

Às vezes Deus manda anjos para ajudar algumas pessoas. Os acontecimentos que acontecem bem diante de nossos olhos de forma estranha e sem razão nenhuma de ser séc tornando algo estupefato.

Este, também foi um fato real. Geraldo trabalhava numa gráfica próxima da empresa onde eu trabalhava. Isso aconteceu em 1987 em dia incerto e não sabido. Ele era tido na empresa como o homem de confiança do empresário, por ele ser conhecido pelo dono, como um funcionário honesto e exemplar. No final do expediente, Geraldo pegava todo o dinheiro arrecadado e no dia e ele próprio dispensava qualquer Office boy para ir ao banco e ele se propunha todos os dias a fazer o tal serviço. Não sabia ele que a vida estava preste a fazer um teste de sua sabedoria como homem honesto.

Era uma sexta feira em meados de mês. A situação de Geraldo em casa não era tão boa assim; pois sustentava a mulher que era do lar, dois filhos, uma sogra doente e o mantimento próprio para o seu dia a dia. Ralava que só um condenado para não deixar a família passar necessidade; mas em vão. O salário que vinha para o seu bolso não dava para todas as despesas. Mesmo assim ele trabalhava incansavelmente.

Final de expediente todos os funcionários ficavam á postos da maquina de ponto. No dia do acontecimento já era por volta das seis horas da tarde. Geraldo era sempre o último a sair da empresa e um dos primeiros a chegar.

Assim que ele foi chegando no ponto de ônibus ele se deparou com uma bolsa de couro, parecia estar envernizada até que ponto chamou a atenção de nosso protagonista. Ele simplesmente pegou a carteira e ficou com medo de abrir naquele local. Voltou à empresa e foi pra dentro do banheiro. Aí sim, foi que ele teve a maior surpresa de sua vida. A carteira estava recheada de dinheiro. A quantia era apreciável. Dava pra ele pagar as suas contas, ajudar a todo mundo da casa dele e ainda guardar um dinheirinho no banco. Realmente um acontecimento muito tentador. Geraldo guardou aquela carteira só para ele. E naquele momento não havia comentado com absolutamente ninguém. Chegou em casa contou a situação para sua esposa que começou a fazer planos que ia reformar a casa e que ia fazer isso e aquilo. Aconselhou-o inclusive de tirar o dinheiro da carteira e abandoná-la em algum lugar da cidade. A fixação pela grana contida era tanta que ela não se conteve de mandar o marido a abandonar a carteira em qualquer lugar da cidade.

Foi um teste da vida realmente em cima de sua honestidade. Na época ele perguntava aos funcionários colegas de sua equipe, o que fariam se encontrasse uma carteira recheada de grana e a reposta era sempre a mesma atitude de sua esposa. Fazer planos para gastar o dinheiro.

Quando Geraldo abriu a carteira, tinha a foto, telefone de uma mulher. Aquilo bateu uma dor na consciência do velho gráfico, que o incomodava a todo instante. Era como se os céus o torturassem para devolver o artefato sem tirar um só centavo.

Chegou em casa dizendo que ia entregar a carteira, pois havia em interior a pessoa que havia perdido. A esposa de Geraldo quase teve um ataque, alegando e mostrando a casa como estava, a geladeira vazia, a mãe dela doente precisando comprar remédios. Aquele dinheiro ia realmente dar um sacode na vida do gráfico. O pior é que além da esposa a unanimidade de amigos e parentes falava a mesma coisa.

A gente percebe nessa hora o crescimento do espírito de um homem. Ele tinha tudo para ficar com aquele dinheirão, devolvia numa lotérica ou num correio e estava tudo certo. A pessoa que perdeu fatalmente iria receber os documentos ilesos; mas e a consciência que esta não perdoa quando o espírito vem na missão de encaminhar e não atrasar. E Geraldo é um tipo de pessoa que carrega um espírito de uma evolução gigantesca. Sempre foi assim. A mansidão de sua voz, já transmite a qualquer pessoa que o conhece uma sensação de paz, alegria e principalmente um grande prazer de estar sempre ao lado dele.

A cobrança era muita e ele precisava dar um basta naquela situação que estava tirando o seu sono. Segundo Geraldo, alguma coisa avisava pra ele que mulher iria procurar a carteira com ele e ele faltou o trabalho e ficou no mesmo lugar aonde havia encontrado o artefato. No local não havia nenhuma marquise para ele se proteger do sol causticante que estava á pino; mas ele sem reclamar estava esperando a pessoa que seu subconsciente acusara que ia procurá-lo para entregar o artefato.

Já no final da tarde. Ele viu uma mulher chorando muito do outro lado da rua. Chamou a sua atenção e foi ao seu encontro e assim que ele se aproximou dela, a mulher avistou a carteira em sua mão. De joelhos, ela gritou aos céus agradecendo só pelo fato de ter encontrado a carteira.

Obrigado, senhor! Pelo anjo que me mandaste! (Ela falou em lágrimas. Caiu de joelhos e beijou a mão de Geraldo. Ela nem sabia se dentro daquela carteira havia o dinheiro, mas parece que a atmosfera quando se trata de espíritos de luz é como almas gêmeas, que se comunicam quase em telepatia).

Geraldo levantou a mulher, conferiu os documentos pra ver se era mesmo a pessoa do endereço. Tudo foi confirmado. A mulher falou que aquele dinheiro não era dela; era da empresa que o seu patrão havia mandado fazer um depósito e como ela voltou sem a carteira, o dono estava acusando-a de ter roubado e ia jogá-la na cadeia. Contou a sua vida pro gráfico o qual chorou com a situação. Ela era quem sustentava a casa. O marido estava desempregado, tinha duas filhinhas para ela criar e tinha sua sogra que era especial e precisava de sua atenção financeira.

As lágrimas que Geraldo derramara foi de emoção e alegria; pois viu ali a mesma situação que ele passava. O caso chegou ao conhecimento de seu patrão. E ele ganhou uma promoção no seu trabalho. A sua honestidade gerou matéria em jornal como cidadão exemplo.

- FIM -

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 02/12/2009
Código do texto: T1955744
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