Histórias Entrelaçadas - Poesia - 1° Parte

Pela primeira vez conversei com minha colega de classe, uma menina miudinha, de olhos meio rasgados, de fala bem mansa parece de criança.

-Oi! Eu disse.

-Oi! Ela respondeu.

Amanhã vou falar mais alguma coisa, só não sei o que. Acho que vou perguntar pro meu irmão mais velho. Ela é tão bonitinha. Fico sem jeito de olhar pra ela, então finjo que estou olhando pra janela, mas na verdade é pra ela que olho. A professora deu uma bronca perguntando em que planeta está, pois na classe com certeza não. A classe inteira riu, ela também, fiquei vermelho feito pimentão.

Na hora do recreio, fui falar com o Rafael, ele senta com ela, é um gordinho todo espinhento, ainda bem, dei uma parte do meu lanche pra ele, umas figurinhas carimbadas, prometi que amanhã trago bolo de bananas que minha mãe faz e que ele adora, em troca sentarei no lugar dele.

Foi difícil prestar a atenção na aula. Quando a professora fez uma pergunta a ela, ficou de pé ao lado da carteira, respondeu certinha a questão, a maioria nem do que se tratava sabia, ficaram todos boquiabertos, eu maravilhado.

Acabou a aula. Saímos todos. No caminho para casa, observava ela indo com amigas a minha frente, desviei do rumo de casa, ao atravessarmos a pontinha sobre o córrego, despediu de suas amigas, cruzando a rua entrando em casa.

Tornei a meu caminho. Onde morava já sabia.

Cheguei a casa, subi correndo as escadas para o meu quarto e do meu irmão, que estava lendo uma revista na cama, falei um Oi! Nem respondeu. Comecei a tirar o uniforme escolar, sem saber como perguntar ao meu irmão, fiquei de cuecas, de repente, de uma só vez, perguntei:- "Cauê, como faço para falar para uma menina que gosto dela?" Que respondeu: -"Sei lá, vai e passa a mão nela".

Assustado com a resposta, que sabia ser errada, peguei a toalha e fui tomar banho.

Mais tarde, após o almoço, ajudando a mamãe com a louça, perguntei a ela. Sorrindo, tirou de suas mãos o prato que enxugava, me puxou dando um abraço, e um beijo amoroso de mãe. Pediu para sentar, sentou também.

- Meu homenzinho, então esta gostando de uma menina? Como ela é? Como se chama?

-Mãe, ela é linda, tem uma voz que parece um bebê falando, seus cabelos são meio vermelhos, castanhos né, iguais os seus, uns olhinhos rasgadinhos, tem um sorriso tão lindo, mãe seu nome é Poesia.

-Poesia, lindo gostei do nome, meu filho. Amanhã, primeiro irá dar bom dia a ela, ao sentar dirá seu nome, perguntara o dela e falara muito prazer, vai dar um pedaço do bolo, no recreio, que a mamãe vai fazer a ela e conversara com ela, como esta conversando com a tua mãe, com educação e sobre coisas boas, qualquer coisa, de escola serve das matérias que estão estudando, daquilo que sabe e principalmente do que não sabe. Se ela for inteligente como diz, ira querer ajudá-lo.

-Obrigado mãe.

-De nada, meu filho, dá um beijinho em tua mãe e vamos terminar a cozinha.

No dia seguinte logo cedo, estava na esquina da casa dela, olhando ela sair. Ao vê-la disfarçadamente, fui atrás, vi quando encontrou as amigas. Esperei soar o sinal e entrei para a sala de aula.

Aguardei ela sentar, fui ate a carteira.

- Ola! Bom dia, meu nome é Isidoro, sou eu quem vai sentar contigo agora, seu nome é?

- Poesia! Meu nome é Poesia.

Não sabia, mas por causa de Poesia, poeta viraria.

Isidoro Machado
Enviado por Isidoro Machado em 02/12/2009
Reeditado em 30/11/2010
Código do texto: T1955752
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