GIRASSÓIS NO VARAL

Um a um, cuidadosamente, ela foi lavando os girassóis e pendurando-os no varal. Em meia hora já possuía um varal repleto de girassóis. Ao fim do trabalho, pôs-se em frente ao varal e admirou e sorriu. Estava satisfeita agora.

Girassóis de plástico! Flores de plásticos! Que mais bela invenção! Pensava a mulher enquanto analisava o seu minúsculo quintal coberto de cimento.

Chegou a pensar em comprar vasos de flores. Orquídeas talvez. Mas analisando a sua falta de tempo e falta de disposição para trabalhos de jardinagem e ao mesmo tempo desejando possuir flores para alegrar o ambiente, comprou os girassóis. A cor amarela de suas pétalas chamou a atenção dos olhos verdes da mulher e como seus olhos desejavam os girassóis, ela passou a desejar também. Levou uma dúzia para casa. Achando-os lindos, achando-os pouco, voltou no outro dia para comprar mais duas dúzias.

Em cada canto da casa um vaso de girassóis, que, apesar do nome, não giravam. Enfeitavam apenas. Isso era suficiente para ela.

Nos primeiros dias só tinha olhos para os girassóis. Depois foi esquecendo-os, acostumando-se com sua silenciosa presença. Meses se passaram e somente a poeira parecia lembrar-se das pétalas amarelas. Às vezes, espanava-os. Às vezes, não. Os girassóis foram perdendo o brilho, a alegria.

Um dia a amiga quis jogá-los fora. Ela não permitiu. Prometeu que os limparia. Ficariam de molho se fosse preciso. No outro dia já havia se esquecido da promessa.

Lembrou-se apenas hoje, duas semanas mais tarde, após sonhar que corria por um campo de girassóis.

Os girassóis do seu sonho eram tão lindos e seus girassóis de plásticos estavam tão sujos, tão feios. Sentiu-se culpada e duas lágrimas escorreram de seus verdes olhos. Uma por ter negligenciado seus girassóis de plástico. Outra por não poder possuir um campo de girassóis igual aquele dos seus sonhos.

Enxugou ambas as lágrimas e colocou todos os seus girassóis em um balde. Depois sorriu. Lembrou-se de sua alegria quando os comprou. Conformou-se, pois já era crescida e sabia que nunca poderia ter tudo o queria nesta vida. E já que não poderia ter um campo de girassóis, ao menos possuía três dúzias de girassóis de plásticos, os quais tinham a vantagem de serem quase eternos...

Dany Ziroldo
Enviado por Dany Ziroldo em 08/01/2010
Código do texto: T2018683
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