Ilusão

E o mundo insiste em me cercar com suas paredes de granito. Não vejo nada do lado de lá, só sinto. Sinto que preciso passar pra lá, que meu sonho está lá, que minha vida está lá. Essa imitação vital já me enojou, essa tentativa pífia de ser uma alma me corroeu ao máximo. E atrás dessa barreira se encontra um corpo e uma alma, a minha espera.

Olhar pra trás já não me comove, não tenho nada a perder, já perdi tudo o que tenho. Amor, amados, derivados. Lágrimas não me caem, risos não me pegam desprevenidos ao fim de um dia ensolarado. Um corpo dolorido, sem alma completa.

Mas lá, existe o que me falta. Um futuro que me fará olhar pra trás e sorrir. E a dor cessará, e as lágrimas cairão, mas serão procedidas de risos confortantes. O amor virá a mim, e comigo andará de mãos dadas. Até dizer chega. Mas minha mão nunca ficará só, logo a amizade tomará o lugar deste amor, um ciclo, fora do circo.

A felicidade a metros é assim que tem que ser. É assim que é com todos. Ninguém é feliz, todos temos um muro entre nós e nossa real vida. E forças já não tenho, para continuar este emaranhado de palavras fúteis que serão esquecidos e jogados ao fundo de uma gaveta.

Ah. Sonhos, ilusões. Daqui não sairei tão fácil. Sozinho não. Imaginar o que posso criar revigora meu ego, e me dá forças, para abandonar este muro impenetrável, e seguir, rumo a minha sina. Mas aqui, tenho uma companheira que segura em minha mão, e me guia. Me acalenta, e não me solta. Aos poucos, me leva, embora, dessa grande, solidão.

Bruno R Santos
Enviado por Bruno R Santos em 17/01/2010
Código do texto: T2035689
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