Bilhetinho

Então terminaria assim? Apenas um bilhete deixado na porta da geladeira? Nenhuma explicação? Eu pedi tanto a ela que não fizesse isso, que não fosse... Mas ela não desistiu de seus planos, disse que já tinha tudo pronto antes mesmo de me conhecer, e que não podia simplesmente deixar tudo para trás. O bilhete dizia apenas: - Amor, fui pra Bahia, como havia planejado, volto em uma semana. Não fique chateado. Adoro você!”. E como não ficar chateado, ou melhor, como não ficar puto? Ela tinha ido passar uma semana em Salvador, curtir o carnaval sozinha, e eu tinha ficado aqui, sem saber como agir. O que eu faria quando ela voltasse? Minha raiva já teria passado? Acho que não vai passar nunca, acho que vou embora. Quando ela chegar, vai me procurar, e então eu resolvo o que fazer. Liguei a TV, mas isso só me trouxe mais dor de cabeça; não se falava em outra coisa, para qualquer canal que eu mudasse, o assunto era sempre o mesmo: Carnaval. E todas aquelas pessoas sorridentes, com seus abadás, correndo atrás do trio elétrico... Para mim nada poderia ser pior que aquelas imagens. E de repente, lá estava ela, naquele mar de gente, suada, contente. Não podia ser, mas era, tive certeza quando vi que ela ainda usava a pulseira que eu lhe dera dias antes. E como num pesadelo relâmpago, vi o cara que chegou do nada e a beijou. E ela correspondeu!!! É, realmente terminaria assim, com um bilhete. Eu escrevi apenas: “-Fui!”.

Joana Masen
Enviado por Joana Masen em 28/01/2010
Código do texto: T2056583
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