Chanson, David e Mozart

Enquanto David (1748-1825) executava suas magistrais pinturas em Paris, em Viena, Mozart fazia suas composições imortais. Dois grandes artistas e duas diferentes personalidades. David, o pintor da coroação de Napoleão, bajulava o poder e, apesar de preso em 1794, conseguiu escapar da guilhotina. Nos depoimentos do “ceifador de vidas” Charles Henri Chanson, o pintor era o que havia de pior em matéria de caráter, e desenhava as personalidades dos condenados à guilhotina, incluindo Danton e os reis de França. Chanson era o carrasco oficial e seguia uma tradição familiar de carrascos; desde que o primeiro Chanson, em 1675, se casou com Margarida Jouënne filha de um carrasco. O que importa é que Chanson IV, o carrasco da revolução, falava horrores de David. Enquanto isso, Mozart seguia com suas composições deixando biografia limpa. Quando visitei Paris apreciei no museu, o famoso quadro da coroação de Napoleão; obra gigantesca e de extrema beleza...Também em Versalhes apreciei uma série de pinturas de David, em que ele bajulava o Imperador. Em 1791, morria Mozart com 35 anos de idade, enquanto Luiz XVI assinava a própria sentença de morte tentando fugir, sendo preso em Varennes. De qualquer modo, a revolução francesa de 1789 seguiu um rumo de extrema crueldade, em que as pessoas morriam sem qualquer culpa formada. É possível, que David não tenha sido tão canalha como o retratou Chanson; palavra de carrasco...Por sinal, a família do carrasco começou mal, pois, o primeiro Chanson, que era um galante tenente, perdeu a noiva Columba ao serem atingidos por um raio; arranjou uma amante cujo pai trabalhava às noites, trabalho que veio a saber, tratava-se de execução oficial...Sendo assim, ele ingressou sem querer numa família de carrascos, iniciando a série dos Chanson. Vale a pena ler os relatos escritos de quem aplica a pena e não escreve a História...Os terríveis Danton, Saint Just, o anjo da morte, e Robespierre, também, perderam as cabeças na guilhotina; Marat não teve tempo, assassinado que foi pela Charlotte Corday. Coitada de Maria Antonieta, que chegou a estudar música com Gluck, poderia ter ficado em Viena ouvindo Mozart, mas, preferiu Paris. terminou por ajustar contas com a guilhotina. Todavia, um pintor como David, tem o direito do perdão...Eu o absolvo, pois, sua arte era de uma dimensão incomensurável! E Mozart? Mozart entrou na história como Pilatos no Credo!