Um dia nas ruas do povo com Carlinhos

Mão pequena

Toque apertado

Passos pepinantes em busca de memórias perdidas...

Assim, seguíamos pelas ruas do povo com Carlinhos...

Ruas que evocavam histórias carregadas de medo e sabedoria, mas agora contadas com heroísmo e bravura...

Histórias várias... até mesmo as esmolas pedidas nas esquinas do povo com sua mãe e seus três irmãozinhos!

Emocionavam-me muito ouvi-las até que meus questionamentos ingênuos e patéticos resgatasse da força poderosa e mágica das respostas dadas por Carlinhos, o verdadeiro valor espiritual do risco nosso de cada dia.

Aí Carlinhos, você não tinha medo?

Não... Eles é que tinham medo de mim!!!

Naquele momento, pude sentir no brilho do olhar de Carlinhos a beleza pomposa do Carro descrito com uma tão grande riqueza de detalhes. E quantos detalhes!!!

Somente uma mente preservada a descrições tão minuciosas levara-me a lançar comêxtase o mesmo olhar sobre o carro que Carlinhos descrevera.

Por minutos, a visão do carro encarnara-se de vermelho, vidros pretos e rodas grandes.

...Eram vitrines ambulantes que fechavam suas janelas lentamente em sinal do seu não atendimento.

Antes que eu fizesse mais uma pergunta, Carlinhos me contara espontaneamente de uma senhora "Bacana" que parava seu carro, o qual tinha a forma de uma vespa gigante, falo dos fuscas atuais, e sempre ofertava-lhe biscoitos! Humm! Deliciosos!!!

Ai, prosseguíamos nosso caminhar e quanto mais caminhávamos mais histórias nos inspiravam. Gente...carros...bichos e situações as quais eram desconhecidas a mim e muito mais curiosas se tornavam pelo tom enfático da vozinha ressoante a uma sobrevivência em pleno vapor.Assim eram as ruas...e todo um povo que Carlinhos pintara na tela densa de sua imaginação.

O nosso destino final era uma feira de informática no Centro de Convenções Edson Queiroz em Fortaleza, mas parecíamos ter pego uma estrada de longa distância onde o reino da bravura havia nos conduzido ao mundo super fantástico por várias gerações.