Maisha III

-"Ele deve morrer!!" "ele é um agitador!!
-"Ele é um autêntico profeta !!Ele é o messias que estava por vir!!

Naquele tempo, ainda menina, Maisha vivia no clima caloroso de uma grande revolução. Vivia a escutar histórias acerca de um homem chamado "Jesus de Nazaré", que surgira no cenário da vida de todos com um diferencial jamais visto, que era simplesmente o dom de dizer lindas e maravilhosas mensagens, utilizando uma ferramenta poderosa chamada "palavra".

Pensava ela que esse homem era diferente de todos os que até então haviam passado. Utilizando-se da "palavra" e não de armas para fazer mudanças, gerava grande curiosidade por parte de toda a gente, que por sua vez era o foco de emissão das maiores e melhores novidades acerca do mesmo.

Esse homem,além do dom da oratória, tinha carisma , passando a alarmar toda a vida social de sua época, tudo girando em torno do que "ele" falava, aquela melhor "palavra", no seu melhor tempo bem empregada.Tinha o dom de as pronunciar em belíssimas falas, o que levava multidões a procurá-lo e assim a desestabilizar toda a estrutura sócio-econômica e política predominante na época.
Maisha vivia o clima e escutava histórias, ora de bem ora de mal, que vinham de todos os lados. Pensava assim que a novidade se consolidava e já era forte o poder das palavras daquele homem de construções fortes e carregadas de grandes emoções. O certo é que pelo "amor" ou pelo "ódio", pelo bem ou pelo mal, as bocas se pronunciavam e a divisão ía acontecendo naturalmente. A "palavra" passava a dividir não só o lugar onde Maisha morava mas também a dividir o mundo. Pensando bem, Maisha até concluia que a palavra dele era do bem e por isso tinha esse poder!

Maisha passava a viver assim nesse mar de "informações" a escutar falarem, ora de bem ora de mal, acerca daquele homem que ainda não conhecia, pois até aqui, não tinha visto Jesus,nem o escutado falar. Entretanto, à medida que o tempo passava, ia tirando as suas conclusões,ora de acordo ora em desacordo, em meio a um clima cada dia mais tenso, levando-se em consideração o que circulava no "boca a boca" do seu tempo. Os ânimos de cada lado, a cada dia cresciam em exaltações!

Desde o sempre que existiram os boatos e alí a mídia era editada pela boca do povo e esta era a única que contava na época. Ora,a Maisha reconhece que Jesus virou mais que uma celebridade. Estava nas manchetes da mídia falada nas 24 horas do dia. Ele virou ídolo, contando com seguidores apaixonados, já que o seu discurso era muito consistente. "Fenômeno" é palavra pequena para expressar a força desse "amor em pessoa" e que estava deixando o poder da época apagado.

Gente que estava sendo afetada pelo que Jesus pregava já tramava a sua morte. A fofoca, mesmo naquele período, já era grande e corria mundo via "boca a boca", tanto as boas quanto as más notícias. Furos e mais furos de reportagem, bocas e mais bocas a dar furos em novidades. "Ele é um agirtador"! "ele deve morrer"! "ele veio para nos salvar"!"É um salvador"!

Ela observava que Jesus passou a implantar "novos valores" e como tudo que gera mudanças, gera transtornos, guerras, grandes divisões, também gera conhecimento, o discurso do jovem profeta ía definindo o perfil dos que eram "pró", ou seja, os pobres e necessistados e que "não estavam bem com o mundo" e os "contra", ou seja, os que não queriam as mudanças. Estes ficaram tão apavorados, que se se desesperavam. Não gostariam que esse estilo de vida fosse levado tão a sério e que pudesse chegar até a ser implantado, pois estavam "muito bem com o mundo". Possuiam o poder e a riqueza.

Maisha tirava suas conclusões pelo que ouvia, pelo que via e pelo que sentia, deduzindo que Jesus era em verdade um transformador, um grande revolucionário da palavra, no sentido de mudar totalmente a vida de qualquer um apenas com uma bela mensagem e assim afetando todo um sistema simplesmente com uma palavrinha, que de tão pequena muitas vezes nem se enxergava mas tão potente, que era capaz de fazer o que estava acontecendo naquele momento: uma guerra de valores.

Ouvia..."todos sabíamos é que o Messias virá da tribo de Daví, que é de Belém da Judéia. Como Jesus pode ser o Messias se acolhe gente comum e pecadora e até come com eles?" Como alguém pode ser o Messias se acolhe os doentes e se dá melhor com os marginalizados, pobres mendigos, cegos, cochos e o que é mais grave, convive e fala com as mulheres"...

Maisha sabia que mulheres não tinham voz nem fala na sua época...claro que ela de cara já aderiu, pois Jesus era também a modernidade sem preconceitos... Maisha era mulher, era jovem e de tanto ouvir sobre o lado bom das falas desse novo homem decidiu: "pró Jesus eu sou", consciente de que afinal o discurso do Mstre era para "todos" e não para fazer a divisão como erroneamente pensavam alguns.

Gostava das palavras do mestre e vivia no mundo da poesia, gostava de fazer versos, ao procurar a palavra chave para associa-la às suas emoções. Maisha vivia a contar e a escutar histórias e essa de um "Jesus" prá lá de inspirado confessa que a encantou. Ela passou a se encantar e assim também a admirar as suas falas e as mensagens de inspirações divinas, as quais chegavam até ela no "boca a boca" que circulava pelo mundo daquela época.

Encantada, e se considerando uma poetisa menina, Maisha também tomou partido daquele a que chamavam de profeta mas que particularmente, para ela, ele não era só o que tanto já falavam dele...era muito mais. Maisha tinha visto o Messias como um grande "poeta". Sim,encantada com aquela revolução em pessoa, só de escutar o que era "bom", o que vinha do seu coração,,a menina chegou a essa conclusão e se afinou com um mestre,,o seu mestre,,a quem chamava de "Yeshua".

Pensava: "como não se encantar com uma pessoa que fazia e declamava a poesia?" Por que não gostar de alguém que empolgava uma multidão com palavras, com o carisma de uma fala que vinha de uma divindade maior, vinha da luz que irradiava e contagiava fortemente a todos? Como não gostar de quem procurava e ía ao encontro das pessoas para falar  coisas do coração, usando o mundo das palavras grifadas pela luz, o mundo da inpiração, para que sentissem a força e a alegria que o transpotava e que assim devía Maisha também sentir, porque era a " vida" a ser descoberta e assim positivamente passando a vivê-la? Como não aderir à poesia através daquele grande divulgador do amor, tendo ele próprio demonstrado o maior dos sentimentos? Assim pensando passou a considerá-lo um poeta, o maior dos poetas. Poeta da mais rara e mais intensa Luz!

De todos os títulos dados a Jesus naquelas historias que escutava,"Messias","Rei","Emanuel","pastor", entre tantos outros, ela passou a considerá-lo acima disso tudo,"Poeta!". Sim, para Maisha Jesus era na verdade um maravilhoso "poeta" com porte de divindade. Yeshua era o poeta divino! Passava a fortaleza de uma palavra, trazia uma bandeira, uma poesia para os que viviam perdidos, sem a mão amiga do irmão e assim desorganizados pela terra afora, perambulando sem destino, para somente na poesia se encontrarem. Encontrarem-se com as palavras.

Pensava que Jesus realmente estava trazendo um novo reino, poético e libertador, onde a beleza da construção das palavras, em teoria, deveria ser levado a sua pratica. E essa novidade, a Maisha pensava ser uma coisa maravilhosa na vida de qualquer um, pois era uma maneira de fazer a inclusão social dos que nada tinham. Era uma maneira de ir varrendo as pragas que assolavam a humanidade. Era um novo caminho e só através dele e também da sua arte, transmitida ao homem, conseguiria o mesmo viver o verdadeiro sentido da vida.

Um belo dia,porém, Maisha escutou uma notícia de última hora, vinda de um familiar que  chegava da cidade e que por lá escutara de muitas bocas, que o Messias, "o seu Poeta Jesus", o seu ídolo, estava sendo visto como um "agitador político". Conversavam sobre esta última novidade, sabendo do clima que estava existindo nos ares daquela região. Concorda com o mensageiro de que certamente esta seria uma acusação indispensável para os inimigos obterem a condenação de Yeshua por parte do poder romano.(Lc 23,2-5 ; 13- 24).

Maisha ainda falou, de sua própria boca, palavras sinceras e poéticas acerca de Jesus, falou de bem e deu seu depoimento  de que "ele" pregou as mais belas mensagens jamais vistas na Terra. Disse que ele não pregou uma revolução armada contra a ocupação romana, não pegou em armas mas acima de tudo e de todos, pregou e semeou pela terra a mais bela revolução já vista pela humanidade, pois pregou a verdadeira paz , usando palavras sinceras, das quais estava cheio o seu coração. Ele nos trouxe a verdade, em poesia, para a vida. As suas armas  foram as palavras ditas no silêncio da esperança, muitas palavras, mil palavras em mensagens que resumidamente podemos dizer: palavras em poesias de muito, mas muito mesmo, repletas só de AMOR!

Maisha tinha uma viagem programada junto com a sua familia. Naquele tempo, muitas pessoas iam à cidade, para festejar a Páscoa e ela era uma delas. Iria mais uma vez a Jerusalém. Sabia que Jesus andava por lá mas imaginava que ele não apareceria , pois era o lugar onde corria o maior perigo e onde estavam seus maiores inimigos. Mas pensou que haveria uma possibilidade, mesmo que remota de encontrar o seu tão querido poeta por lá. Seria maravilhoso! e sonhou...

Cristin

Obs: ...Desejando uma feliz páscoa para todos os recantistas e principalmente aos meu leitores, um abraço em especial.








Cristin
Enviado por Cristin em 01/04/2010
Reeditado em 02/04/2010
Código do texto: T2171398
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