Vem em mim PIS

Sabe quando a gente ta na maior dureza, sem um puto de um real no bolso, matando cachorro a grito e como que num golpe de sorte, vai lavar roupa e encontra aquela solitária nota perdida de de deiszão no bolso da calça. Ontem ao chegar no barraco passei por tal situação, na real, acabei de ser incluso no Programa de Integração Social, o famoso PIS.

A sigla poderia ser traduzida em Pobre Inesperadamente Salvo, pois foi bem isso que me acometeu, geladeira qui nem piscina, só o passe do busão constando no cartão, nem sinal de vale no emprego, um miojo e uma lata de sardinha na dispensa.

Quinhentão na mão, fui direto pro centro periferico da confusão: Buteco do Regi, jogar Birá, tomar raizada, nó de cachorro e canelinha, duas Nova Schin e uma bela, trompei o magrelo, troquei umas idéias, partimos pro crime, um samba, com funk carioca, as minas gostam e descem até o chão, na casa do Nudsem, esticando em cima da mesa, elas gostam da brincadeira, DVD do Jorge Aragão, uma bolha (pinga com refrigereco) na mão e a continuação do chão chão chão.

Só o melhor da putaria ao estilo brasileiro, chega um maninho batucando o pandeiro, fico ligeiro com o celular e aplico o perdido, quando volto a si, meu PIS já foi pro lixo, ta na atmosfera, no fígado e no pulmão, me sobrou cincão, pro cigarro e pro pão, vou chegar no barraco e comer meu miojo marinho, fumar dois cigarros e lembrar com carinho, das poucas e gloriosas horas em que fui o rei do pedaço, pobre sofre um bocado, mas agradeço mesmo assim, pelo prazer gozado.

Marco Cardoso
Enviado por Marco Cardoso em 15/04/2010
Reeditado em 15/04/2010
Código do texto: T2198402