IPÊS AMARELOS

Hoje descobri névoas encobrindo o azul do céu, e centenas de ipês amarelos enfeitando os vastos cerradões quase secos.

Era meio-dia quando pegamos a estrada rumo à Fazenda de meu pai. O sol quente era suavizado pelo leve vento que soprava. No céu, somente névoas próprias desse tempo e bordeando a estrada, imponentes ipês amarelos antecipavam as cores da primavera.

Era lindo de se ver: o verde já fosco da seca enfeitado de amarelo. Talvez fosse esse o motivo dos ipês florescerem em pleno inverno: dar um colorido especial à cor que já clamava pelas águas das chuvas.

Elas não tardariam, certamente. E viriam antes mesmo da chegada da primavera para preparar sua triunfal volta e pintariam os campos com suas cores verdes, preparando-o qual um tapete tecido ricamente para receber as flores.

Enquanto isso lá estavam eles: os ipês amarelos na sua soberania. E eu envolta em minha contemplação quase solitária, porque enquanto o carro veloz cortava as estradas somente eu ousava dirigir meu olhar a eles. Isso porque não faz um ano descobri juntamente com a escrita o mistério que existe ao meu redor. O mistério e a beleza da natureza e sua linguagem corporal a me dizer palavras de poesia.
Sonia de Fátima Machado Silva
Enviado por Sonia de Fátima Machado Silva em 29/08/2006
Reeditado em 12/12/2008
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