O Moço da História (Primeira Parte)

Aqui se pode chegar de carro, de comboio, ou de barco, descendo um rio entre as montanhas ele chegou por acaso. Seguindo o rio talvez, afinal os rios sempre chegam a algum lugar...

A estalagem parecia esperar por ele. Ou, pelo menos, por alguém como ele. Era uma casa branca, antiga, num vale verde e junto ao azul cobalto de um mar.

Vinda não se sabe de onde surgiu uma garotinha parecia de uns seis, sete anos não mais, estava correndo atrás de algum animal era morena, com essa cor abençoada das pessoas que moram junto ao mar, cabelos cor de mel, fartos abaixo dos ombros, pernas torneadas e olhos absurdamente eloqüentes.

Ao vê-lo descer a estrada, correu em sua direção e curiosa como toda a criança de sua idade perguntou-lhe: que faz aqui moço? Veio falar com a mamãe? Ela está do outro lado da casa, vem comigo levo você até onde ela está.

E assim meio arrastado por aquele turbilhão de sardas foi empurrado para um encontro que, embora ainda o não soubesse, poderia mudar toda a sua vida.

Era um ambiente magnífico, a casa tinha varanda por todos os lados em nada se parecia com uma estalagem inóspita, ao contrário, tudo era lindo e muito bem cuidado, mais parecia saído de um conto de fadas.

Nos jardins havia algumas pessoas com um semblante feliz para simples serviçais em trabalho e a menina à medida que ia passando brincava, sorria e todos a tratavam como uma princezinha.

Ao longe estava alguém, uma mulher que ao ver a filha trazida pela mão de um estranho cerrou o semblante, a garota percebeu, mas mesmo assim foi em sua direção.

Mamy eu sei que não posso falar com estranhos, mas ele falou primeiro e você também diz que devo sempre ser educada.

Depois da menina se afastar ela perguntou ao estranho: penso que deseja um quarto? Está com sorte, costumamos estar sempre lotados, mas ainda tem um vago.

Aqui também é nossa casa, e tentamos fazer todos que chegam sentirem-se da mesma forma, está só ou acompanhado? Perguntou olhando em volta.

Vim sozinho sim, mas isso não significa estar sozinho, pois não? Respondeu ele, quase enigmático.

Não, claro que não, respondeu ela nada enigmática

Apareceu outra moça, mais velha que a primeira e com um ar

Altamente inquisidor que foi mudando rapidamente para surpreso e

Abriu-se num largo sorriso. Olá, queira me acompanhar, por favor!

Ele olhou esta nova personagem, de alto a baixo, depois sorriu

Disse: depende! Onde pretende me levar?

A dona da estalagem não pode deixar de dar uma gargalhada com

A expressão confusa que ela fez.

Mary, eis o apelido, com seu ar refinado de índio das Alagoas olhou

para ela com uma intimidade ordeira que lhe é peculiar que é isso

Menino! Isso são modos de me tratar?

Passado esse momento, ria de tudo, mas fui deixando o lugar entre

, ao longe apenas ouvi os gritos da Mary. Você me paga menina,

Sempre aprontando comigo sai de mansinho e me deixa assim com

Esse estranho.

Ela se foi rapidamente em sua habitual caminhada. A filha correu em sua direção e disse: Mamãe promete que deixa o moço ficar, por favor?

Surpreendida pelas palavras da filha ela respondeu: claro que sim,

Mas por que esta emoção toda? É só mais um hospede.

Ela acariciou os cabelos da filha e tentou por uma voz segura quando respondeu: isso não depende de nós amorzinho, nem sabemos que historia ele já viveu ou vai viver!

Antes de sair, ela olhou para Mary e disse, ele ficará no loft. E para surpresa de todos saiu a passos largos sem olhar para trás em busca de pisar na areia sobre todos os momentos vividos e sobre tudo que de alguma forma imaginara viver.

Sua saída deixou a todos atônitos, muito mais o fato de ter ela destinado o loft, Ele nada falava apenas a seguia disfarçadamente e percebeu uma maozinha, sacudindo a sua, era a garotinha que lhe deu um belo sorriso a pouco, piscou o olho e saiu saltitante, afinal. Sua mãe dera o quarto especial para o moço e já que era assim tinha que ter algo mais por trás disso tudo.

Antonio olhou para uma Mary atônita e então, vamos?

Claro! Desculpe-me é que essa menina sempre aprontando comigo, a vida inteira fez isso e saiu resmungando e abrindo caminho para o “hóspede”.

Quem aprontado? A garota? Não me parece assim tão levada!

Que Sofia nada, essa é realmente um doce de criatura, falo da mãe, a mãe é um terror, um dia ela ainda vai me matar!

Bom, eis o quarto, fique a vontade o jantar é servido às 20h00minhs ou pelo menos era... Creio que tudo começa a tomar um rumo diferente nessa casa.

Antonio sentiu um carinho imenso pela excêntrica criatura, tanto que lhe deu um beijo estalado na bochecha a partir de então ele e Mary seriam terríveis aliados.

Era um lindo por de sol agora, andava, suspirando demoradamente é como se de hoje em diante precisasse de mais ar para respirar no íntimo ela não queria associar essas sensações a presença do estranho. Afinal desde que se instalaram ali tantas pessoas já haviam passado por “Ocean Dreams”, mas desta vez ela liberou o loft e já pensava em como faria para explicar isso a Mary.

Andara o quanto pudera, mas se deu conta que tinha que voltar senão logo haveria uma verdadeira expedição à sua procura sem falar na filha que ficaria aflita com sua ausência.

Hoje estava mais cansada do que o normal um calor diferente percorria seu corpo chegando ao portão, Sofia como de costume estaria à sua espera e hoje não estava. Mas que Diabos terá havido?

Na verdade, tudo parecia calmo demais de repente uma vozinha de longe gritou mamaãe, mamãe olha só quem está aqui comigo e mais uma vez, lá vinha ela dessa vez seguida pelo estranho e por Darah sua cadelinha.

Estava agora um diante do outro numa proximidade que lhe pareceu constrangedora, havia tomado banho e estava à vontade vestia um short caqui, uma tshirts verde musgo um belo conjunto contrastando com a pele morena e os olhos cinza.

Era ele, que de alguma forma personificava a imagem do homem dos seus sonhos o algo importante em sua vida, melhor não pensar agora depois pensaria.

E parecia que tudo ia ficando escuro andara muito, estava quente começou a sentir uma leve sensação de desmaio, mas isso não ia acontecer.

O silêncio crescia entre eles, Sofia agarrou-se a mãe a abraçá-la e a dizer Mamãe que bom que voltou vamos entrar e saíram grudadas. Deixaram-no para trás a fumar seu charuto já comodamente sentado numa parte de coluna baixa da cerca olhando o mar, melhor assim.

Mamãe, o moço falou que não tem um tempo certo de ir embora, ele toca violão, conta lindas histórias e todos aqui gostaram dele, deixa ficar, por favor! Ah e ele gostou do quarto, a Mary falou, que ele dissera que não entendia muito a surpresa de todos por estar ele ocupando o tal quarto, afinal não podia ser diferente sempre tivera o melhor de suas mulheres, assim mesmo!

Nada importava tudo o que ela queria era estar em seu quarto afundando em sua banheira de espumas, hoje especialmente de sais precisava acalmar-se e não pensar.

Tentou andar, rápido, pediu à filha que brincasse um pouco, pois teria que fazer umas ligações, ao finalizar a explicação deparou-se com Mary de braços cruzados.

Ligações. Humm. Sei, questionara ela, sei... Que tem menina? Está pálida! Que houve?

Sabia o quanto ela se controlava, mas Mary era assim este poço inesgotável de sensibilidade aprendera a lhe conhecer bem, apenas olhou-a e disse: Mary cuide de tudo sim? Acompanhe o novo hóspede no jantar e, por favor, faça com que Sofia durma cedo hoje, preciso realmente resolver algo, combinado?

Claro minha linda, era assim que ela a tratava claro, vai depois a Maryzinha estará a sua espera com um colinho bem quentinho viu?

(Fim da 1ª parte)