A LENDA DA BOLSINHA

A LENDA DA BOLSINHA

Meninas são sempre vaidosas, do nascimento até a velhice as representantes do sexo feminino gostam de roupas bonitas e elegantes, maquiagens, jóias e bijuterias, sapatos de cores variadas e principalmente de bolsas e bolsinhas e Bibi aos oito anos não era diferente, mas ela não se importava com roupas, calçados ou fitas, seu assunto era outro.

Bibi só se preocupava com bolsas, gostava de todos os tipos, mas adorava uma bolsinha de uma fibra branca, confeccionada em um bonito ponto de crochê; onde estivesse, a adorada bolsinha estava junto, na escola , na missa dominical, nas matinês do cinema e até na mesa durante as refeições, a famosa bolsinha estava por perto, era o amor da menina.

Na hora de tomar banho, sua mãe perguntava, Bibi a bolsinha vai junto? Ela respondia que ia sim, para ninguém pegar enquanto ela se banhava; era um verdadeiro fanatismo o que Bibi tinha por aquela bolsinha e o que ela guardava dentro dela era um mistério, porque ela não deixava ninguém olhar; a família se divertia com as manias da criança.

Quando alguém pegava na tal bolsinha era um horror, porque Bibi chorava, gritava e fazia um verdadeiro escândalo; sua mãe resolvia o problema com algumas palmadas nela e no causador da confusão, que sempre era seu irmão mais velho que adorava irritar a garota, mas fora isso o assunto bolsinha era motivo de brincadeiras e risadas.

A menina crescia, mas não desistia da querida bolsinha, companheiras inseparáveis em todas idas e vindas, parecia que aquele apego exagerado não ia terminar nunca; a medida que as meninas crescem deixam de lado os amores da infância e se apegam a coisas novas, mas Bibi continuava fiel a sua bolsinha branca de crochê e já com dez anos, não a largava.

Como nesse mundo as coisas tem que ter começo meio e fim, com a bolsinha de Bibi não podia ser diferente e o dia do final foi terrível e foi assim: Zezé o travesso irmão da menina, resolveu brincar com a irmã, tomou a bolsinha das mãos dela girou e jogou para o alto, mas a força foi excessiva e a bolsinha caiu em cima do telhado da casa.

Aos gritos de Bibi, toda a família veio ver o que acontecia e a confusão estava armada, porque Zezé pedia desculpas, mas a menina chorava sem parar e para piorar a situação, começou a chover forte e era impossível subir no telhado para resgatar a bolsinha; sua mãe prometeu que a bolsinha seria retirada assim que a chuva parasse, mas ela não parou.

A chuva não parou durante duas longas semanas, Bibi chorava toda vez que se lembrava da bolsinha, sua mãe se zangava e castigava Zezé que também chorava, mas finalmente o sol voltou e a pranteada bolsinha foi retirada do telhado, mas estava mofada e toda desfiada, a garota gritava desesperada e mais uma vez o menino foi castigado.

Bibi hoje é uma adulta, mas não se esquece de sua bolsinha, Zezé mora em outra cidade, mas sempre que se encontram ela diz: não te perdôo seu assassino de bolsinhas e ainda perdi a minha melhor pedra de jogar maré que estava dentro dela, a família quase morre de rir e ela encerra o assunto dizendo: estão rindo, mas quem ficou com trauma de bolsinha perdida fui eu e não tem psiquiatra que cure.

Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}

Texto registrado no EDA

Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 29/05/2010
Código do texto: T2287099
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