MATANDO A SOGRA

MATANDO A SOGRA

Nesse mundo pessoas existem que vieram para alegrar e divertir os amigos, são criaturas felizes e que até na adversidade encontram alguma coisa boa e de proveito; assim era a divertida Helenita, nada mudava seu bom humor, ela estava sempre alegre e com seu raciocínio rápido, tinha respostas prontas para tudo e se safava de seus apuros com facilidade.

Helenita era um boa costureira, suas clientes desfrutavam de sua competência na profissão e de sua descontração e habilidade para resolver seus costumeiros atrasos nas entregas das costuras; trabalhar bem ela trabalhava, mas era a mais enrolada costureira desse mundo, ela marcava prazos para entregar as roupas, mas nunca os cumpria.

Os atrasos de Helenita acabavam sempre em boas risadas pelas desculpas que ela arranjava, cada uma mais criativa que a outra e no final das contas ninguém se zangava e nunca perdeu uma cliente por isso, porque seus atrasos não interferiam na sua boa vontade com os amigos, seu bom humor, sua imbatível alegria e suas criativas desculpas.

As historias de Helenita se tornaram folclóricas e eram passadas de boca em boca pelos seus amigos que se divertiam muito ao conta-las, ela sempre arranjava um jeito de descontrair os ambientes com suas respostas criativas e sua principal qualidade era saber rir do mundo em geral e de si própria em particular, a vida para ela era um eterno divertimento

Das trapalhadas de Helenita a mais conhecida e que causou um terremoto de gargalhadas, foi a seguinte: ela e sua bondosa sogra dona Celeste eram amigas inseparáveis, a senhora depois da viuvez passou a morar na casa de Helenita e viviam em harmonia, se a costureira estava trabalhando, dona Celeste se encarregava dos afazeres domésticos.

Helenita adorava a sogra e era adorada por ela, mas com sua mania de enrolar as clientes com seus prazos nunca honrados, ela quase colocou tudo a perder, porque com muitos encomendas para um badalado casamento, ela se esqueceu do vestido verde de Catarina sua melhor cliente e quando a moça veio pegar a encomenda , ela usou a sogra .

Pela janela ela viu Catarina chegando e pensou rápido; apanhou uma lenço e foi atender a porta chorando e se explicou: me desculpe Catarina, seu vestido não ficou pronto, porque minha sogra sofre um infarto e está morrendo no hospital, estou desolada, me desculpe, antes que Catarina dissesse qualquer coisa, dona Celeste apareceu roxa de raiva.

Avançou em Helenita e disse: mentirosa, é assim que gosta de mim? Eu estou ótima graças a Deus e não pretendo morrer tão cedo, não me mate para se desculpar com suas clientes; Catarina começou a rir sem parar, saiu de lá contando o vexame para a cidade inteira e foi um divertimento a mais para a pacata comunidade.

Em casa Helenita acalmava a amada sogra, dizendo: não fique brava comigo dona Celeste, eu tinha que enrolar a Catarina e enquanto eu falava com ela, eu cruzava os dedos para proteger a senhora e sua saúde, mas prometo não infartar a senhora nunca mais, se for preciso eu lhe arranjo uma gripizinha, tá certo? Dona Celeste acabou rindo das loucuras da querida nora e ficou tudo bem como sempre.

Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}

Texto registrado no EDA

Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 29/05/2010
Código do texto: T2287124
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