Meu sacrificio

Eu sinto o peso do mundo em minhas costas, a dor me castiga já não sou tão otimista como era no começo as adversidades aparecem incessantes como ondas de um mar revolto, e o vento antes uma brisa que suavizava em minha face, agora me empurra violentamente para o retrocesso; reflito nessa hipótese, retroceder tomar o caminho sinuoso do mais fácil, desistir, pensar nas mentiras que direi aos meus, do motivo de ter fracassado, dizer o quanto doía o quanto machucava que não fui forte, de quantas vezes tive de ser duro na dureza, dos inúmeros desequilíbrios latentes, das atribulações regurgitada pelos pensamentos duvidosos.

Será mais fácil, é mais fácil o conforto egoísta do ostracismo.

E já quase sem força ajoelho-me enquanto continuo mentalmente meu monologo, observo meus olhos cor de avelã na poça d’água que se formou conseqüente do meu choro , sinto o peito apertado e o ar rarefeito e frio que corta dilacerante meu rosto me convencendo a voltar sussurrando ensurdecedoramente; pare, não precisa sofrer por esse objetivo, se renda você esta tão longe, não pode fazer mais nada.

No delirante caos da minha agonia, escuto uma voz jovial e vibrante, mas um tanto rouca e inegavelmente inspiradora.

- Sabe o que é a dor?

Levanto minha cabeça e me deparo com um senhor sentado num rochedo que bloqueava meu progresso , não poderia imaginar que uma pessoa de idade tão avançada poderia ser portador de uma voz tão chistosa, sua presença imperava diante dos eventos ao nosso redor, como se não o pudesse tocar ou o incomodar de forma alguma apesar da sua aparência frágil.

- Da onde saiu o senhor? E o que o senhor esta fazendo aqui? – lhe perguntei.

- Não respondeu a pergunta! – nesse momento já caminhava em minha direção.

- É o que estou sentindo agora. – ele segura em meu braço e me leva ate onde ele estava recostado.

- Eu sei - ele me responde - mas o que ela significa?

Já protegido contra o vento e as tempéries e recobrando a debilitada centelha que me resta, tento reconhecê-lo; a única coisa que me traz de familiar são seus olhos castanhos avelã de uma vivacidade contagiante.

- Significa que as coisas não vão bem e que já é hora de parar. – responde com a mesma empolgação quanto ao teor da minha resposta.

Ele me olhava com um olhar compreensivo como se pudesse ver dentro de mim e saber exatamente o que sentia o que quis dizer com o tom e as palavras usadas naquela frase.

- Esta bem; veja esse rochedo, pra você é mais uma pedra que só serve pra dificultar a caminhada, mas é um bom observatório, você sobe nela e ver o quanto falta pra você chegar olhando para frente lembrando de que tem de ser um guerreiro e olhando para trás mostra o quanto já venceu e que tem o dom de vencedor.

Continuei ancorado na minha lamentável condição, imaginando se eu poderia me tornar esse tal guerreiro citado pelo velho, ou me soterrava nas hipóteses do que eu poderia ter feito se continuasse a jornada e adormeceria na inexistência inerciante.

Então ele me pôs de pé fixou seus olhos no meu e disse:

- A dor é necessária para te garantir que saiba que se esforça no Maximo do seu querer, porque tudo que é fácil não vale a pena, as dores te garantiram a expulsão da fraqueza, da imperfeição do que é fraco; exercite o equilíbrio da força, e a dor lapidara a fraqueza transformando-a em potencia em antídoto usando a essência da imperfeição contra ela, aperfeiçoe-se inteligentemente, venceremos o movimento através da quietude a dureza através da suavidade e superaremos as adversidades.

Depois dessas palavras com uma força colossal ascendendo em mim perguntei:

- Quem é o senhor? Porque se importa tanto com a minha jornada?

- Você quer ter esse equilíbrio e força e o que você vê em meus olhos, escute e pratique o que te disse e terá.

- Quem é o senhor?

- Sou a sua escolha, o resultado da sua opção de lutar.

Marcelo Santos Conceição
Enviado por Marcelo Santos Conceição em 07/06/2010
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