Afã

AFÃ

Vivemos sempre em expectativa. Fomos na realidade gerados com expectativa. Será que dará certo a empreitada? Será que serei feliz. Tenho de imaginar que sim e torcer para que tudo dê certo. E vai dar certo. Tenho certeza e quero que seja assim.

Que pena! Não aconteceu. O que fazer, então? Vive-se a agonia da espera. O estresse instala-se. A ânsia nos agoniza e nos faz consumir e parar de pensar. O desespero toma conta. Assoma-se a este estado de coisas a cobrança da sociedade moderna por melhores resultados, por sucesso (principalmente financeiro) e fama. Temos um modelo a seguir e que perseguimos. Vale a pena? Penso que não. Desde as coisas mais simples às mais complexas, temos pressa por resolver e ficamos cegos com a solução bem diante de nós. Acho que quanto mais perto, mais difícil enxergar. É o que acontece sempre.

Aprendi a enganar a mim mesmo. Depois do desespero, paro e faço como a raposa da fábula, que olha para as uvas depois de muito tentar em vão alcançá-las e diz: "Não queria mesmo. Estão verdes". Evidentemente, a raposa queria sim as doces uvas, porém, por despeito, abriu mão delas já que não conseguia alcançá-las. Faço semelhante. Não deixo de querer e nem faço pouco caso do meu objeto de desejo. Somente finjo não estar mais interessado para que eu mesmo possa desobstruir meus olhos, ouvidos e mente. Aí sim encontro, ouço e penso com clareza sobre o que em vão tentava conseguir.

Finalmente consegui resolver o que queria. E sabem o que foi? Não esquentem a cabeça. A resposta aparecerá.

Oswaldo Eurico Rodrigues
Enviado por Oswaldo Eurico Rodrigues em 20/06/2010
Código do texto: T2330275
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