"O LOBISOMEM" Conto de: Flávio Cavalcante

O LOBISOMEM

Conto de:

Flávio Cavalcante

Lenda ou realidade? Qual a cidade do interior do Nordeste brasileiro, que não existe lendas, que ouviu alguém dizer, que ali pareceu um Lobisomem, uma assombração, um fogo corredor e etc.

Diante das entrevistas com pessoas antigas da cidade de São José da Laje, contam que ali existiu um homem por nome de Neno; ele tinha unhas enormes do tamanho de um dedo; particularmente, não acredito que este caso se trate só de uma lenda, apesar de não dar muita credibilidade nestas histórias que para mim nunca passou de estórias; digo, porque a unanimidade das fontes, foi precípua; diziam que ele batia na mãe.

Há quem diga e jura de pé junto que realmente tudo é verdade. Dizem que em noite de lua cheia, ele saía pelas solitárias ruas da cidade, nas caladas da noite, mas não fazia mal a ninguém uivava como um lobo, e os pêlos cresciam escandalosamente; por isso que o chamavam de Lobisomem.

Neno era o tipo de pessoa introvertida e não gostava muito ter amigos. Vivia em seu quarto trancafiado e dizem até que existia um grande mistério no seu leito que nem a mãe dele conhecia.

A sua animália provocara horrendamente uma imensa depressão e por causa disso, os uivos que o povo falava era uma forma de expressar em choro que ele estava vivo e apesar daquela forma ele era um ser humano como qualquer outro. O castigo eterno, fez o Neno ter hábitos noturnos, pois assim quase ninguém o via do durante o dia. A própria situação fez com que o homem se afastasse de tudo e de todos.

A fase pior de sua vida, foi quando o acusaram de ser o responsável de várias galinhas desaparecidas da cidade. Até histórias em cordéis surgiram na época por causa deste episódio. Levaram-no até os pés do delegado obrigando-o a revelar um crime que ele não cometeu e por desmentir tudo o que falavam ao seu respeito, Neno foi marcado por agressões. O povo resolveu fazer justiça com as próprias mãos.

Depois de passar vários dias por trás das grades, foi que vieram perceber que a matança das galinhas continuava e mesmo assim continuaram inventando histórias que ele se transformava em algum bicho com capacidade de passar por entre os ferros das grades e assim cometer as atrocidades que vinham acontecendo na região. Mesmo achando um absurdo, o delegado da cidade achou por bem deixar o preso sob vigília. Só assim acabaram descobrindo que o homem de formato estranho se tratava de um inocente. Pouco tempo depois tiveram a prova cabal que os animais desaparecidos era devorados por uma onça pintada que havia fugido de um circo que passava na cidade e o dono já havia oferecido uma boa quantia para quem a capturasse.

Soltaram-no e o pedido de desculpas em público foi inevitável, tal qual o inevitável não como resposta teve também seu parecer através daquele homem marcado pelo destino.

Neno, conseguiu arranjar um advogado e entrou com uma ação contra o Estado, foi através desta ação que o dito homem conseguiu um tratamento, foi curado paliativamente e passou a ter uma vida social normal, trazendo de volta uma felicidade que o próprio não conhecia.

- FIM -

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 04/07/2010
Código do texto: T2357242
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