POR AMOR TAMBÉM SE MATA

POR AMOR TAMBÉM SE MATA

Eis o prédio : imponente e sofisticado como soubera. Lá estava dominando a paisagem em frente a pracinha e logo atrás da Igreja.Não tinha como estar enganado ,era ali mesmo.A rua, o bairro, as características físicas dos arredores, o nome ,tudo certo com as informações que colhera .Seu coração bateu mais rápido, chegara finalmente o grande momento.Daqui a alguns minutos iria se deparar com a amada que nunca vira pessoalmente.Conhecera-a na Net , mas especificamente num site de escritores e poetas.Nada dissera a ela e fez a viagem de surpresa . Sabia muito sobre sua pessoa até mesmo mais que ela própria imaginava.Por exemplo , ela não tinha lhe dado o endereço, sempre inventara uma desculpa ,mas tempos atrás , antes mesmo de se apaixonar loucamente, começou a investigá-la de forma anormal : Visitara sua página no Orkut e via seus retratos, sua família, seu modo de viver; investira em outros sites de relacionamentos que ela frequentava , amigos da mesma sala de poetas e conseguira um monte de informações relevantes , inclusive endereço e hábitos diários .Voltou a olhar para a porta do prédio e ainda nada. Estava nervoso ,afinal iria encontrar seu grande amor ,a mulher de seus sonhos , muito bonita e inteligente e quando ela queria e estava a fim de provocá-lo era sensual e atrevida e ele estava perdido e entregue ao seu jogo de amor . Sentia por ela um grande fascínio e uma paixão desenfreada , era quase um obceção. O tempo passava e logo mais , as sete e trinta , ela sairia para trabalhar no serviço público.Ele estava dentro de um carro alugado, sob uma árvore na pracinha, o coração cada vez mais acelerado ainda não tinha certeza que se revelaria para ela . Apenas queria vê-la, ver aquele amor distante, aquela mulher maravilhosa que aprendera amar em longas conversas pelo MSN e trocas de e-mails apaixonados. MAS A SITUAÇÃO AGORA ERA OUTRA.

Na semana passada, estranhamente, a casa parece que desabara sobre sua cabeça,viu um recado que ela não o queria mais, desculpou-se com ele dizendo que era pela família dela , por causa dos filhos e não estava mas na idade de fazer aventuras , sentia muito por ele e despediu-se educadamente como lhe era peculiar.Sentiu muito o peso da despedida, foi muito forte e doloroso para ele. Pensou em esquecê-la, mas decidiu vê-la nem que fosse pela última vez. Marcou a viagem e embarcou , quase que por impulso, e não sabe bem por que colocou uma pistola dentro de sua maleta . Lá dentro apenas o endereço , uma muda de roupa e a arma.

Pensava nisto quando viu ela se dirigindo para o estacionamento do prédio e sua frequência cardíaca deu um pulo . A princípio achou-a um pouco mais alta do o que pensava ; olhando mais fixamente á medida que ela passava notou que tinha alguns quilos a menos, muito menos . Era muito mais bonita e sensual do que imaginava.Viu-a entrar dentro do carro e sair lentamente para o portão . Ligou o motor , e assim que ela passou pelo seu carro sentiu um fremir por todo o corpo ,observando toda sua formosura e o seu charme .Como chegara no dia anterior tivera tempo para estudar todo o trajeto até o seu trabalho.A emoção era muito forte e não conseguia perceber as coisas objetivamente e pensava, emocionalmente abalado , enquanto seguia o carro a sua frente : O que faria quando a encontrasse? Qual seria reação dela ao vê-lo ? Por quê estava ali, se ela não o queria mais? Ainda pensou em dar meia volta e retornar para o aeroporto mas resolveu segui-la.

O transito estava bastante lento já aquela hora da manhã e pode andar um longo tempo atrás do seu carro , enquanto observava todos os seus movimentos.Viu-a ajeitando os cabelos quase loiros e passando batom pelos lábios.Em certo momento ela atendeu o telefone celular e ele imaginara que fosse seu marido ou talvez algum amante, será que ela tinha algum amante? Os pensamentos embaralhavam em sua cabeça, sentiu -se mal, lembrara-se das juras de amor trocadas no MSN, das noites namorando virtualmente , das confissões e dos relatos de suas vidas tão longamente dissecadas ao longo das madrugadas.Por quê ela teria lhe deixado tão subitamente? Estaria amando outro? Estes pensamentos fervilhavam em sua cabeça , era melhor retornar e voltar para sua cidade e deixar a vida correr sem atropelos , ainda havia tempo . Entretanto, estavam chegando ao prédio onde ela trabalhava e como já tinha ido ao local antes pode estacionar primeiro e desceu do carro de forma que ela ainda não o visse . Conversara com o porteiro no dia anterior e não teve dificuldades em entrar.Olhou para o carro dela e viu um homem bem vestido e bem apessoado se aproximar para recebê-la .Imaginou que fosse o seu amante e o sangue ferveu nas suas veias.Aproximou-se rapidamente do carro e antes que ela percebesse inteiramente , gritou:

- PERDEU QUERIDA ! Gritou , mas percebeu que foi quase um urro.

O homem apessoado quando viu a pistola em sua mão , saiu correndo . Deu o primeiro tiro no peito coberto de jóias e perolas e enquanto olhava para sua face estupefata , viu o sangue molhar a seda fina da roupa que ela vestia e continuou atirando até ela cair.Aproximou-se e disparou o último tiro sobre sua cabeleira quase loira.

Saiu caminhando para o carro como um robô...