Teobaldo Menino de Fato

Parte I

Pé de moleque

Já tinha completado 4 anos, foi exatamente neste período, que ficou decidido que, no próximo ano, eu entraria na escola.

Era moleque safo, desses bem espertinhos, gostava de brincar no quintal, correr atrás das galinhas, subir nas árvores e comer goiaba bem verdinha, daquelas que deixavam a boca amargando.

Morava em uma casa bem humilde, não tinha embolso e nem laje era de telha. Quando a chuva caía bem forte, lembro-me, bem deste fato, a casa ficava toda alagada, era baldes por todos os lados, tinha épocas, das chuvas de março, que até as panelas e canecas entravam na dança das goteiras.

Não era nenhum menino excepcional, desses prodígios, todos certinhos, que não sabem o que é pé descalço e calos na mão, esses meninos que vivem em gaiolas, aprisionados nas caixas de concreto, uma por cima da outra, esses guris que já nascem todo complicado, é bronquite asmática, sinusite, dermatite atópica, dor de cabeça, dor de dente, dor de barriga, parecem que já nascem com defeito de fábrica, e tantas dores e aflições que nem sabemos mais o nome que podemos dar.

Eu pelo contrario, nunca ficava doente, o que eu sofria mesmo era de cotovelo ralado, galo na cabeça, no máximo um resfriado, de tanta chuva que tomava no quintal. Vivia correndo e fazendo mil estripulias pela casa.

Eu não via a hora de entrar na escola e sabe começar a fazer coisas novas, amizades novas, aprender coisas novas,ganhar roupas novas e finalmente calçar os meus pés de moleque em um sapato todo engrachado. Minha mãe era pobre porém muito caprichosa de fato. Nossa casa tinha quadros e vasos, toalha na mesa e portas retratos.

Minha mãe falava sempre comigo:

- Quando você for para a escola, ganhará sapatos e roupas novas.

Estava todo animado, mais outro motivo que me emplogava de fato, eram as festas que aconteciam nas escolas, era festas durante o ano inteiro, páscoa, junina, folclore, dias da criança, de natal e do último dia de aula.

Nossa as crianças subiam e desciam a minha rua cantando e brincando toda vez que tinham uma festa na escola.

A escola ficava toda enfeitada da rua dava para dar uma boa espiada e a música que de dentro dela saia era pura alegria.

Realamente não via a hora desse grande dia chegar de fato e meus pés ficava todo emplogado só a espera das meias brancas e dos sapatos.

E os professores sempre simpáticos, andar firme e compasado, levando livros de baixo dos braços, outros vinham de carro, moças bonitas, eram até novas, outras com uma certa idade, um ar de superioridade, outras meio espiritualistas, tinham homens e rapazes, mas nesses nunca reparei bem de fato.

Teve um ano que fui até a porta da escola e dei aquela espiada, vi todo mundo enfileirado no pátio, cantaram o hino, astiaram a bandeira e a Sr. Diretora fez o discurso inicial, dando as boas vindas a todos e desejando um bom ano de estudo.

Cheguei a ficar emocionado, todo arrepiado e pensando no dia de fato em que eu estaraia ali, dentro daquele pátio.

Durante este ano não falava em outra coisa:sapatos novos, uniforme, cadernos e nas coisas que iria aprender na escola.

Cheguei a fingir que eu era o aluno, as galinhas do quintal minhas colegas de classe e o meu cachorro negão meu professor. Ficava horas fazendo as lições que eu mesmo imaginava, com um pedaço de pau e o caderno era o chão de terra batida que encontrava no meu quintal.

Parte II

Família da Gente

Minha mãe era tão bonita apesar de sofrida. Todo dia escutava ela dizendo, como a vida é sofrida, pensava, sofrida deve ser algo bom e eu queria que a minha também fosse sofrida. Não sabia, mas, ela já era sofrida.

Meus irmãos eram bem mais velhos, diziam sempre:

- Teobaldo! Isso aqui não é papo para criança!

- Vá brincar no quintal, não amole!

- Você deve estar louco!Vive enfileirando as galinhas de frente para o cachorro e fingindo estar cantarolando o Hino isso está errado!

Nossa se ficar pensando nisso eu piro de fato! Esses meus irmãos acham que são donos do mundo e de si. Me esqueci tenho um irmão e duas irmãs. Ele, Pedro 25 anos, só fala da namorada e elas Clara de 21 e Ana com 19, de vestidos, brincos e bolsas, eca! Não tem criatividade! Só querem se vestir bonito para agradar uns aos outros.

Meu pai, Lúcio,foi embora, mas de vez enquanto meu irmão me levava lá na casa dele para visitá-lo, ele era meio franzino, e baixinho, falava rouquinho e tossia, devido ao cigarro.

Minha mãe, Mariana, só arrumava a casa, costurava e cuidava da gente!

Gostava muito da minha avó, Bia, que fazia tudo que eu pedia, contava histórias, fazia bolo de laranja, cocada, essa era a que eu mais gostava, cantava músicas e me ensinava muitas coisas que eu nunca me esqueci.

Meus primos no quintal só serviam para uma coisa, bagunçarem minhas aventuras e espalharem minha turma, as galinhas corriam, o cachorro latia e minhas aulas acabavam bem rápido.

Tinha uma Tia Dona Maria que era de fino trato, vinha nós visitar no fim de semana e nos feriados, trazia presentes, coisas gostosas e sempre falava:

- Mariana, esse menino é muito esperto! Como Teobaldo cresceu!

E apertar minhas bochechas isso é coisa que não gosto nem de lembrar. Ah! Minha tia sempre tirava retratos de todas as crianças da família. O ritual era o mesmo depois do almoço festeiro tomávamos banho, pentiávamos os cabelos, as meninas colocavam fitas e batons, nossa mãe colcoava a roupa de festa, sempre a mais bonita e ficavamos sentados bem comportados para o retrato.

Quando minha tia soube que eu iria para a escola, tratou rápido de trazer mochila, caderno, lápis, apontador e borracha. Fiquei todo animado já queria começar a escrever e ler tudo, com muito capricho e bom trato.

A Família da Gente é bem assim pessoas diferentes sempre lado a lado, no prota retrato. Meus irmãos brigavam comigo, mas, quando alguém vinha chamar minha atenção eles compravam meu barrulho e me defendiam feitos soldados. Eu amava minha família.

Parte III

O grande dia!

(continuarei depois)

Tatiane Frambach
Enviado por Tatiane Frambach em 11/09/2006
Reeditado em 11/09/2006
Código do texto: T237911
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