página do livro "60 DIAS COM CHARCOT" O ILUSTRE PSIQUIATRA" obra dedicada ao meu amigo Sr Julino

Naquela manhã de 1994, um enorme portão se abre, dando-me as asas da liberdade! Um sol ardente brilhava no horizonte, e o seu calor intenso aquecia o calafrio que eu sentia por dentro de tanta emoção!

Fiquei ali parada algum tempo, sem saber ao certo pra que lado eu iria, o guarda percebendo a minha indecisão aponta que eu siga a direita, onde lá na frente estava o ponto de ônibus, minha única bagagem eram quatro passes que a Assistente Social Dra Silvia havia me dado após perguntar se eu saberia voltar para casa sózinha? pois o hospital ficava muito distante do local onde eu morava, ao responder que sim ela me desejou boa sorte e me avisou que já poderia ir até a portaria, que eu estava liberada mesmo sem o consentimento da familia, pois a equipe havia concluído que eu poderia levar uma vida normal, dentro da sociedade, agradeci e saí fechando delicadamente a porta de sua sala, e fiz um grande esforço pra que ela não percebesse o quanto minhas pernas tremiam.

Ao tomar o primeiro ônibus, desci na Lapa e fui andar sem destino, olhei as vitrines do pequeno shooping da Lapa, telefonei para uma amiga dali perto e depois de algumas horas cheguei a Pça da Sé, fiquei com uma imensa vontade de tomar um lanche no Mac Donald's mais não tinha dinheiro,quando a tarde caiu, não havia mais o que fazer, era hora de voltar para a casa, e eu juro! que se eu não tivesse uma filha naquele local eu sinceramente não teria voltado, ficaria ali nas ruas mesmo, lutando por um novo caminho que Deus teria me dado com certeza. O ônibus fazia seu percursso lentamente devido o grande congestionamento de carros, e isso servia para alcançar os meus pensamentos. Os dois meses que permaneci naquele hospital, foram muito dificieis, eu sentia uma enorme vontade de fugir, os muros eram muito altos, e eu ficava escutando o relato dos colegas, que fulano tentou fugir pulou o muro e quebrou as pernas e etc, então fui me consciêntizando de que não havia jeito, só me restava tolerar! a equipe médica era excelente, havia Dr César um grande médico, atencioso, bondoso e compreensivo, ele me deu de presente uma mudança de ala e disse que eu ia mudar pra lá devido ao bom comportamento, tinha também a Margareth minha linda psicológa, e os demais que formavam aquela equipe, pessoas qualificadas pra lidar com os especiais. O charcot tinha um enorme pátio gramado, onde os pacientes ficavam tomando sol, eu gostava muito de me deitar na grama e escrever; o titúlo dado ao meu livro "60 dias com Charcot" foi escolhido pelo meu médico Dr Cesár, após assinar o diário como fizeram todos os funcionários ali existentes desde a cozinha até a diretoria. Na ala particular havia uma enorme sala onde eu costumava ficar, ali na parede continha um bonito quadro de Charcott e quando eu me encontrava sózinha ficava conversando com ele, o refeitório muito limpo e organizado oferecia pratos deliciosos, - o ônibus já circula nas proximidades de casa, me obrigando a interromper os pensamentos-

claudett acyolly
Enviado por claudett acyolly em 22/07/2010
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