Liberdade!

Sorria, sentado em um sofá a cabeça recostada, os olhos fechados recordava o tempo em que seus filhos eram pequenos e de como gostava de estar com eles.

Brincavam de tudo juntos soltavam pipas, jogavam bola, esconde-esconde. Finais de semana iam para algum lugar passear, conheciam todos os Parques e Museus de São Paulo.

Permitiu que tivessem todos os amigos possíveis, assim como animais de estimação.

Quando afinal casaram e deram-lhe netos, desde a concepção tratou de aproximar-se deles. Quando nasceram ajudou em tudo, de fraldas a banho.

Acompanhou o crescimento, fez questão de levar e buscar nas escolas, de vê-los em jogos e torcer por eles. Vibrar nas vitorias consolar e levantar o moral nas derrotas, mas fosse o que fosse estar sempre ao lado.

Não lembrava quando nem como, mas num certo momento seus filhos passaram a contestar suas palavras, todas elas, depois a não levá-las em consideração.

Logo suas esposas e maridos decidiram que era um estorvo, que só dava trabalho e preocupação. Sua opinião e seus desejos passaram a não ter mais nenhum valor.

Esqueceram de todos os passeios, de todas as risadas, de toda a felicidade.

O passado no presente servia apenas para ser esquecido.

Mas, o que doeu mesmo não foi o internato no asilo, nem os netos que não viu mais.

O que lhe doía mais era lembrar-se das flores e das arvores, dos pássaros e das borboletas, dos cachorros e das pessoas que encontrava todos os dias nas ruas por onde caminhava.

Isidoro Machado
Enviado por Isidoro Machado em 14/08/2010
Reeditado em 28/10/2011
Código do texto: T2437559
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.