A COADJUVANTE DA FAMÍLIA. 
 
Famílias! Será que há tantas belas e bem estruturadas? Poucas eu até acredito que sim.

A minha família daria um filme tendo como tema principal o Desamor. Meu pai seria um poeta apaixonado por Iracema, a virgem dos lábios de mel, que atuaria a vida inteira como mulher e mãe sofredora. O pai, que nunca se sentiu amado por ela, seria a primeira vítima que, com apenas cinquenta e três anos, faria a coitada  derramar lágrimas de crocodilo no dia da morte dele.

Os filhos, que foram abortos mal sucedidos, seriam os maiores infelizes, praticamente vítimas da desarmonia que reinava naquela casa, das brigas e de outros trágicos momentos. Todos tentaram mudar de vida, ou de família, porém seus impensados e acelerados casamentos se desmoronaram em pouco tempo.

Há pouco mais que dez anos, a mãe sofredora se foi. Nenhum dos filhos conseguiu chorar. Nem o queridinho da mãe chorou?! Não, não chorou. Apenas um silêncio pairou no velório. A porta do túmulo se fechou e todos foram embora sem mesmo se cumprimentar.

Dessa família problemática restam o irmão, a irmã caçula e eu, a primeira filha que seria a coadjuvante principal desse filme não produzido.
Deyse Felix
Enviado por Deyse Felix em 20/08/2010
Reeditado em 29/01/2017
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